23 de jun. de 2012

Por que a Rio+20 não funciona?


Irineu Tolentino

Simples! Porque num mundo de capitalismo selvagem (como o nosso), nada do que se opõe aos interesses econômicos vinga. Nada!

Lembram-se das lâmpadas de antigamente, que demoravam para queimar?

Pois é, precisavam apenas de um ajuste no consumo de energia para se adequarem aos novos tempos. Porém, a indústria, orquestrada pela "senhora Ganância", modernizou o consumo de energia e, de brinde, como as considerava "anti-econômicas" (pois não queimavam), reduziu-lhes, por convenção, debaixo dos olhos de todo mundo, a vida útil. E fizeram isso com vários outros produtos.

Mudamos das garrafas de refrigerantes e cerveja retornáveis, para as descartáveis (garrafas PETs e latinhas); deixamos os supermercados sucumbirem aos produtos pré-embalados em plásticos, em detrimento dos que eram vendidos a granel, em sacos de papel, e, portanto, mais ecológicos.


"No dia em que o mercado deixar de trocar de carro todos os anos, a indústria automobilística quebra e com ela outras indústrias-satélites, e mais outras, até que, por fim, Estados inteiros; pois não aprenderam a equilibrar produção e consumo responsável."


A pressa da vida moderna e a preguiça do ser humano geraram "filhos delinquentes": o consumo desenfreado, a falta de consciência ecológica, lixo a perder de vista...

O mundo de hoje está moldado para consumir coisas úteis e fúteis. O ser humano, para sobreviver bem, precisa apenas das úteis (tudo bem, algumas supérfluas...), porém, a Economia, como foi forjada, não sobrevive sem o supérfluo.

Quer um exemplo? No dia em que o mercado deixar de trocar de carro todos os anos (já que carro é um bem durável), a indústria automobilística quebra e com ela outras indústrias-satélites, e mais outras, até que, por fim, Estados inteiros; pois não aprenderam a equilibrar produção e consumo responsável. Por conta disso, vivemos perigosamente numa zona cinzenta que ameaça o mundo.

É por tal motivo que Obama e Merkel não vieram para a Rio+20. Tudo bem que o Ahmadinejad estava lá (o que até pode ser uma boa desculpa para eles); mas as grandes potências não concordam com as propostas verdes e com a mudança de paradigma na Economia. Se isso acontecesse elas teriam que começar do zero ou próximo disso, como todos os demais países, e perderiam sua "importância" global.

O representante dos EUA sequer soube esclarecer o conflito entre a alegação de que o meio-ambiente é muito importante para Obama e a sua ausência no evento. Essa é a postura da maior economia do mundo; mundo que ela está destruindo e quer que salvemos.

Mas, apesar de toda essa indiferença, principalmente estadunidense (que, obsta a inclusão efetiva da economia verde na pauta global), o Brasil deve continuar a luta fazendo alianças com países mais responsáveis ecologicamente.

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