Você deve estar pensando: " - Esse cara é maluco! Todo mundo sabe que se deve economizar água e ele diz uma besteira dessa".
Se eu estivesse no Oriente Médio, ou mesmo na Europa, eu economizaria água, pois realmente trata-se de um bem precioso sem o qual nenhuma forma de vida conhecida seria possível (eu disse ne-nhu-ma, inclusive você). Porém, no Brasil, há um problema sério com investimentos, com o trato com a coisa pública, com as florestas, com a água...
Não se faz aqui investimentos para prevenir problemas, apenas para remediá-los. Veja só e diga-me se você não concorda:
- Há caos no transporte público e o governo compra um trem e dois ônibus e pronto, "resolveu" o problema de vinte milhões de pessoas;
- Há um apagão de energia e nos mandam comprar lâmpadas econômicas;
- Melhorias nos serviços públicos (como nos salários) só são efetivadas à custa de greves;
- Incentivos no campo só são concedidos se faltarem alimentos no mercado;
- Só se pensa em conter o desmatamento e cuidar das florestas se o Greenpeace ou a WWF fizerem um protesto internacional;
- Falta água, mandam-nos economizá-la...
Tenham dó, né?
O Governo não acompanha o crescimento da demanda e não efetua investimentos prévios. Só toma providência para consertar os problemas que ocorrem justamente pela falta de investimentos.
Vivemos "consertando" o caos. Isso enche o saco!
Se os trabalhadores não fizerem greve os serviço não melhora. Sim, é isso mesmo. O brasileiro não reclama da má qualidade dos serviços, então sobra para os funcionários fazerem greve para defender não só os salários como também a segurança e a qualidade dos serviços. Nessa última greve dos trens e metrôs, por exemplo, todo mundo diz ("todo mundo" é maneira de dizer) que esses funcionários são "um bando de safados, pois causam prejuízos à população".
Não foram os trabalhadores que deixaram de investir na infraestrutura viária/metroviária, foi o Governo!
O engraçado é que não há nenhum protesto por parte da população quando ocorrem acidentes de trens e metrô por falta de investimentos. Ninguém queima pneus nessas ocasiões.
O que isso tem a ver com a água? Ora, se não gastarmos água para forçar os investimentos haverá falta d'água justamente por falta de investimentos.
Olha o que aconteceu com o SEMAE de Mogi das Cruzes/SP (nada contra o prefeito Bertaiolli, que, aliás, está mandando bem em vários setores). A autarquia trocou um simples hidrômetro pela cidade toda e as contas de água triplicaram (em alguns casos quintuplicaram). A explicação dada é que o hidrômetro anterior não media corretamente o consumo (é sempre assim, a "correção" só vem para prejudicar o povo).
Aliás, a esse respeito, ficou a pergunta: se o hidrômetro anterior não media corretamente o consumo (media menos do que devia, conforme o alegado) é certo que a empresa calculava os preços com base nos custos; logo, o metro cúbico medido era mais caro. Se agora mede corretamente o consumo, aumentando a metragem cúbica consumida, por que não reduziu os preços?
E tem mais, na minha conta, por exemplo, quando consumo menos água (e olha que eu economizo bastante) o preço é praticamente o mesmo. Isso é semelhante ao que aconteceu com a energia. Pegue sua conta de hoje (você utiliza lâmpadas econômicas, né?), e compare com as contas de antes quando você utilizava lâmpadas incandescentes. Você pagava menos antes, quando consumia mais.
A respeito do SEMAE (Mogi das Cruzes/SP), estou estudando o caso e depois verei o que farei; mas, de qualquer forma, quero meu hidrômetro antigo de volta!
Enquanto isso, vamos consumir água, e água em abundância (pode tomar banho todos os dias, lavar seu carro e sua calçada, sem hipocrisia). E para você não se sentir culpado por isso, achando que vai acabar a água do mundo, leia aqui: http://bit.ly/KBnEaE
Hoje enviei e-mail ao SEMAE com cópia do texto acima.
ResponderExcluirSe houver alguma resposta posto aqui (embora o próprio SEMAE possa fazer isso).