Canção de Ninar
Dia das Mães. Mais uma data daquelas para o comércio faturar. Nada contra, mas confesso que tenho verdadeira ojeriza por todos esses “dias disso e dias daquilo”. As pessoas enlouquecem em sua sanha consumista. Neste caso: “– Já comprou presente para a sua mãe?” “– E para a sua mulher? Já comprou? Para sua avó? Sua tia? Sua filha recém transformada nesse ser sublime? Como não? Oh! Como você ousa esquecer?” E aí vem uma enxurrada de argumentos para convencer a alma desgarrada da importância de presentear todas as mães do mundo.
Sinto-me uma verdadeira herege nessas datas, pronta para ser lançada às fogueiras da Santa Inquisição...
Mas sinceramente prefiro, na simbologia que esse dia em especial suscita (o que é inevitável), me lembrar de minha mãe cantando para me ninar. Ah! Não era qualquer cantiga, não! Além da linda voz que possuía, ela me privilegiava com músicas cujas melodias e letras continuam ainda hoje emocionando corações sensíveis. Quase que a ouço, agora:
Encosta tua cabecinha no meu ombro e chora,
E conta tua mágoa logo toda para mim.
Quem chora no meu ombro eu juro que não vai embora,
Que não vai embora...”
Meu coração, não sei por quê,
Bate feliz, quando te vê!
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo...
Bate feliz, quando te vê!
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo...
Bem... quantas coisas aprendi com ela neste simples ato, que ficaram gravadas na memória, sem esforço. E quando aprendi a falar, ela me ensinou a cantar, junto com ela, e talvez sem se dar conta, ela ainda me ensinou a apreciar a beleza e a poesia das coisas simples da vida. Em todos os dias.
Felicidades a todas as mães.
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