21 de jun. de 2012
As recomendações da Rio+20
Luis Nassif
Pelo modelo adotado na Rio+20, na semana passada houve uma série de seminários preparatórios visando selecionar recomendações aos chefes de Estado.
Coordenei o grupo “Recomendações do Desenvolvimento Sustentável como uma Resposta às Crises Econômicas e Financeiras.
A primeira recomendação do grupo foi selecionada a partir de votações pela Internet.
Venceu a proposta: promover reformas fiscais que incentivem a proteção ambiental e beneficiar os pobres.
A segunda recomendação surgiu de votação do próprio plenário – cerca de mil pessoas com aparelhos de votação online. Foi escolhida a recomendação: criar imposto sobre transações financeiras internacionais, visando contribuir para um Fundo Verde, responsável pela promoção de empregos decentes e tecnologias limpas.
A terceira recomendação surgiu das discussões dos dez especialistas – cada qual de um país do globo -, ao longo de duas horas e meia de debates.
Propôs a adoção, por todo o mundo, de objetivos compartilhados de desenvolvimento sustentável, a serem adotados por empresas, sociedade civil e poderes públicos.
As metas incluirão métricas inovadoras, divulgação pública, conscientização pública, educação em todos os níveis e resolução de problemas do nível local ao global, poara mapear os caminhos necessários para alcançar os objetivos em cinco áreas críticas:
1. Capacitar todos os países do mundo para garantir que sejam atendidas as necessidades básicas de saúde, água potável, saneamento e vida digna a todos os indivíduos;
2. sistema de energia sustentável para o desenvolvimento;
3. abastecimento alimentar sustentável local e globalmente;
4. ambientes urbanos sustentáveis, incluindo iniciativas em sistemas de água, esgoto e infraestrutura inteligente;
5. e indústria sustentável, comprometida a limpar os resíduos produzidos por sua atividade.
Segundo a recomendação, esses objetivos de desenvolvimento sustentável serão perseguidos através de um conjunto comum de princípios e métodos a serem aplicados para todos, incluindo impostos, o que abre uma possibilidade muito forte para orientar a economia para a direção certa. Sugere também uma reforma financeira com financiamento inovador para o desenvolvimento verde e para o aprimoramento das tecnologias sustentáveis em geral.
Entre os debatedores, houve um consenso amplo em torno da importância de novos indicadores para medir a sustentabilidade, tanto para orientar consumidores como para orientar governantes.
Hoje em dia, há muita confusão de conceitos e formas de medição.
Por exemplo, o carro elétrico é visto como não poluente. Mas a energia que o alimenta pode provir de fonte poluente – tudo depende da matriz energética.
Outra discussão, sobre o etanol. Depois de produzido, é energia limpa. E no preparo, o que se gasta em combustível dos tratores, em insumos ou em queimadas?
Até a energia hidrelétrica tem sido alvo dessas contas. É a energia mais limpa que se produz, renovável, mas quando se encobre florestas, há a produção de gás metano, poluente. Qual a soma final?
Daí a importância da criação e padronização de novos indicadores.
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