11 de jun. de 2012

A Espanha e os € 100 bilhões


Irineu Tolentino

O pedido de dinheiro feito pela Espanha à Europa deve ser visto com reservas, apesar da natural euforia que isso costuma provocar.

Em tempos de crise, quando o PIB dos países estão encolhendo, aumenta, perigosamente, o grau de exposição das economias mais fracas. Essa vulnerabilidade pode se agravar ainda mais pelo fato de que, quem pede dinheiro emprestado, compromete uma renda que já não era suficiente antes do empréstimo.

Assim, o cenário mundial (desaquecido como está), aumenta os riscos para a contratação de empréstimos. O momento reclama justamente o contrário: antes de procurar dinheiro fora os países deveriam exaurir todas as possibilidades de corte de despesas para saber a dimensão exata do problema, minimizando os juros que pagarão e, por conseguinte, a exposição financeira.
 
Numa tentativa de minimizar o problema, o principal jornal da Espanha (El Mundo), em matéria intitulada "Las diferencias del rescate español con los de Grecia, Irlanda y Portugal", sustentou que a Espanha não pediu resgate, pediu "empréstimo", já que não se submeterá a condições de ajustes macroeconômicos como as demais economias; e traçou um comparativo com a Grécia, Portugal e Irlanda, destacando:
  1. O tamanho do empréstimo da Espanha (100.000 bi = 10% do PIB) é, proporcionalmente, inferior ao dos demais países segundo a relação  volume/PIB  (Portugal 78.000 bi = 31,5%, Irlanda 85.000 bi = 48%  e Grécia 240.000 bi = 74%), e,
  2. "Ausência" de austeridade como condição do empréstimo.

Os argumentos do El Mundo, tem um certo grau de razão; mas, subsiste ainda, o fato incontestável de que, desde 2008, é pacífico que a Espanha integra o PIIGS. Embora pejorativo, esse acrônimo tem se confirmado com o notório aprofundamento da crise em Portugal, Grécia e Irlanda. E agora a Espanha.

São fatos dos quais dificilmente algum argumento conseguirá ocultar.


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