O início da batalha da reindustrialização
Hoje de manhã, no Palácio
do Alvorada, será anunciado o pacote de estímulos à indústria nacional.
Uma parte do pacote
consistirá em desoneração de folha – trocando os encargos sobre a folha por
alíquotas sobre o faturamento. Outra parte, do aumento da oferta de
financiamentos e redução de juros pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento
Econômico s Social). Ainda se deverá rever os termos do acordo automotivo.
Há anos o setor empresarial
reclama de aspectos do custo Brasil. Há uma carga desmedida sobre a folha de
salários, dificultando a contratação e penalizando setores intensivos de
mão-de-obra. Há impostos sobre investimento – algo impensável em qualquer
economia desenvolvida.
Existem duas maneiras de
trabalhar o problema. A primeira, é através de medidas gerais que beneficiem o
setor como um todo.
As dificuldades são
enormes. A principal delas é avaliar os impactos sobre as contas públicas. Por
exemplo, o que significaria a desoneração geral da folha e a substituição por
um imposto sobre faturamento?
A maior dificuldade é na
administração de conflitos. Trocando um imposto sobre a folha por outro sobre o
faturamento, haveria o benefício aos setores intensivos em mão-de-obra e a
penalização dos setores intensivos em capital.
A maneira encontrada pelo
governo foi a segunda via, selecionar setores específicos para aplicar a
desoneração da folha. E tomar medidas de redução de juros, que não dependem nem
de leis nem de medidas provisórias.
Some-se a isso a
determinação do governo em não permitir a revalorização do real e em insistir
na redução da taxa Selic e se entenderá a razão dos empresários estarem
otimistas, mesmo com os dados ruins do início do ano.
As próximas pesquisas de
empresa e de atividade, aliás, mostrarão dados bastante pessimistas da
indústria. Reteve-se emprego até o início do ano, mesmo com queda na produção
interna. Agora, começará a arriar.
Nos próximos meses se
tentará reverter esse quadro com esse conjunto de medidas. Demorará um bom
tempo para se avaliar o alcance dessas medidas.
Mas, aparentemente,
acordou-se para a fase final do processo de consolidação do crescimento
sustentado e da transformação do país em uma grande economia.
O primeiro passo é o salto
no mercado de consumo interno. O segundo é fornecer as condições para que o
aumento do consumo seja garantido pela produção interna. O terceiro passo é a
ampliação do mercado externo, através de medidas objetivas – desoneração
tributária, financiamento acessível etc – mas, principalmente pela
desvalorização da moeda, que é a maneira mais rápida de ganhar diferencial de
preços, enquanto as demais medidas não se efetivam.
É apenas o início da
batalha de reindustrialização do país.
Há dois momentos terríveis,
que provocam uma razia no desenho industrial brasileiro – ambos associados ao
câmbio.
O primeiro, o período
Gustavo Franco-Pedro Malan, que vai de 1994 a 1999, com a desvalorização
cambial. O segundo, no período Antônio Palocci, especialmente de 2004 a 2008.
São dois momentos em que os
respectivos governos garantiram a falsa paz econômica.
Agora, toca remediar o
remediável.
Luis Nassif
Luis Nassif
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