Vale lembrar, que o mundo
ficou preocupado com a Grécia como se ela
fosse o centro nervoso da crise européia. Não é! O problema da crise
européia é europeu, não apenas grego. Não é
um ou outro país que está com problemas,
são vários e, por contaminação, todos. Não poderia ser diferente. A Zona
do Euro é um bloco econômico, e as economias deterioradas, com alto grau de endividamento e de desemprego, contaminam naturalmente as demais.
Na verdade, o mundo todo é uma ilha: nós somos afetados pelos soluços da Europa e pelos espirros da China.
Na verdade, o mundo todo é uma ilha: nós somos afetados pelos soluços da Europa e pelos espirros da China.
No que diz respeito à
Europa, discutiu-se à exaustão sobre os aportes financeiros em favor da Grécia,
afim de “evitar” o calote. Terminado um capítulo da novela, acabou-se por injetar
muito dinheiro na Grécia (muito mesmo), e, ainda assim, não teve jeito: os
credores tiveram que “perdoar” parte substancial da dívida. Ou seja, apesar dos
muitos milhões de euros gastos por um bloco econômico já em dificuldade, não se
conseguiu evitar o maior calote da História. A Grécia tomou da
Argentina esse desventuroso título, já que a dívida reestruturada dela é
de 206 bilhões de euros contra 60 bilhões da Argentina.
Convém lembrar, que o acrônimo
PIIGS não se restringe à Grécia. A Espanha, por exemplo, tem um nível de desemprego pior que o grego.
Isso mesmo, pior! São 23,6% contra 21%. É
muita gente sem renda!
O que a Zona do Euro irá fazer? Injetar mais dinheiro na Espanha? E depois? Como fará com a fila de países com chapéu nas mãos como Portugal, Itália e Irlanda?
O que a Zona do Euro irá fazer? Injetar mais dinheiro na Espanha? E depois? Como fará com a fila de países com chapéu nas mãos como Portugal, Itália e Irlanda?
Como não há dinheiro para
todo mundo é natural que a Europa deixe a torneira pingando nos países mais críticos
para afastar o colapso (ou apenas adiá-lo, à espera de um milagre), ao mesmo
tempo em que os líderes “discutem o
assunto”, valendo-se de discursos de propaganda para debelar parte dos efeitos
da crise sem custos diretos imediatos.
É evidente que a Europa ainda
terá problemas muito grandes, talvez até piores do que os já enfrentados, pois os
países quebrados não conseguirão, tão cedo, gerar receitas suficientes para sair da crise
sem dor.
Tem-se ainda os EUA, também cambaleantes e enfrentando uma série de problemas no front interno e na política externa (em
relação ao Irã, Coréia do Norte e Síria, cujos conflitos lhe custarão dinheiro e
debilitam ainda mais um caixa já enfraquecido).
A China puxou o
freio de mão. Seu crescimento está desacelerado engendrando mais dificuldades
para os demais países. Mesmo que a desaceleração seja para ajustar o crecimento
para níveis mais responsáveis economicamente (o que é compreensível), é fato
que o mundo se ressentirá, pois haverá menos dinheiro circulando, inclusive para os
demais países do BRICS.
As medidas adotadas por EUA e
Europa conseguiram apenas anestesiar os mercados para permitir oportunas intervenções
cirúrgicas como: reformas tributárias, previdenciárias, políticas e econômicas.
Dessa forma, temos (segundo nossa leitura), o entendimento de que os mercados se valorizaram artificialmente por conta das medidas adotadas e, muito provavelmente, irão refluir para voltar a patamares mais justos, conforme abaixo se vê (período de dois anos):
Dessa forma, temos (segundo nossa leitura), o entendimento de que os mercados se valorizaram artificialmente por conta das medidas adotadas e, muito provavelmente, irão refluir para voltar a patamares mais justos, conforme abaixo se vê (período de dois anos):
A conclusão a que chegamos é
a seguinte: diante dessa conjuntura, permanecer comprado para o longo prazo está
arriscado demais, valendo mais a pena, no momento, recorrer a outros
investimentos mais estáveis que a bolsa como poupança e renda fixa, para,
posteriormente, retornar em pontos de
compra mais atraentes ou, ao menos, mais seguros. Aos mais arrojados, que querem se arriscar, recomenda-se focar ganhos modestos e os bons dividendos que algumas
empresas estão pagando, mantendo-se os olhos bem abertos ao lado de uma boa política de gerenciamento
de risco e preservação de ganhos.
O mundo saiu apenas da beira do abismo, que ainda está próximo. E...cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém!
O mundo saiu apenas da beira do abismo, que ainda está próximo. E...cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém!
Por Irineu Tolentino
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