14 de dez. de 2012

Os sinais de mudança econômica

Por Luis Nassif

Pequenas empresas paulistas estão sofrendo um assédio inimaginável, recebendo visitas de gerentes de bancos, oferecendo linhas de crédito baratas. Conta garantida a 2% de juros ao mês, descontos de duplicata a 0,9%.

A conversa com os gerentes é das mais instrutivas. Informam que orientação que receberam de suas respectivas diretorias é que juros baixos e competição bancária vieram para valer. E os bancos terão que se reinventar.

"O que está acontecendo com os gerentes de conta é processo similar ao que irá ocorrer em outros cantos da economia"

Não se trata mais de elaborações estratégicas da cabeça de um diretor de banco, mas a orientação que chegou na base, o gerente de conta.

Quando se compara a economia a um transatlântico – imagem cunhada há décadas pelo ex-Ministro Mário Henrique Simonsen – tinha-se na cabeça esse efeito-defasagem

A política econômica dá uma guinada radical. Há um tempo de ajuste em que, primeiro, os agentes econômicos precisam ser convencidos da sua irreversibilidade. Depois, um tempo para se ajustarem às novas regras, que passa por definir a nova estratégia e fazer a voz de comando chegar na ponta.

O que está acontecendo com os gerentes de conta é processo similar ao que irá ocorrer em outros cantos da economia.

Por exemplo, muitas cadeias produtivas trocaram fornecedores internos por produtos chineses. Nos últimos meses houve um desvalorização de mais de 20% no real, frente o dólar.

A volta ao fornecedor interno exigirá novos contatos, uma reorganização do sistema de compras, em muitos casos a busca de novos fornecedores, já que muitos dos anteriores desapareceram do mercado.

No caso das grandes empresas, a mudança do dólar trouxe problemas no fluxo de caixa. Aumentou as dívidas em dólares.

Há um tempo, portanto, para refazer o caixa e analisar os efeitos da mudança de câmbio tanto no mercado interno quanto no externo.

No campo do controle público ocorre a mesma coisa. A Lei de Transparência, obrigando todos os órgãos públicos (União, estados, municípios e autarquias) a darem publicidade a seus dados, é também um transatlântico que começou a se mover.

Alguns órgãos saem na frente, outros vacilam um pouco. Aí entra o Ministério Público exigindo o cumprimento da lei. Aos poucos, a sociedade civil criando formas de capturar e analisar os dados. E os novos parâmetros de fiscalização são montados, em cima dessa interação ONGs-MPs-TCs.

Faltam pontos para acelerar o processo.

O primeiro é avançar nas propostas de simplificações dos procedimentos fiscalizatórios, sem tirar sua eficácia. Por mais que ocorra um aprendizado na definição e implementação de projetos, ainda assim o ponto ótimo sempre ficará distante do ideal, graças ao emaranhado burocrático.

Outro - já enfatizado aqui – é a maneira como estão sendo apresentadas diversas isenções fiscais e trabalhistas.

Qualquer decisão de investimento tem que partir do peso das isenções no preço final do produto, mas também no prazo de permanência do benefício. É a maneira de estimar os resultados e planejar os investimentos.

11 de dez. de 2012

The Economist: "Demite, Dilma!"

A campanha promovida pela revista The Economist contra o ministro da Fazenda Guido Mantega parece-me um ponto fora da curva, na verdade, um claro nonsense.

A Economist deveria se ocupar com os problemas mais próximos de si mesma, como os da sua própria  terra.

A economia inglesa está de mal a pior, bem pior que a nossa. Se fosse o  caso de demissão por incompetência (já que a revista pretende, erroneamente, reduzir o tema dessa forma), o governo britânico é que deveria passar o facão no seu próprio alto escalão.

Vocês querem o Aécio, não é? Quem sabe? Vamos esperar para ver! Mas, de todo modo, deixe que nós resolvamos isso.

Enfim, não posso "curtir" sua postura The Economist!

Eu poderia até justificar isso em mais linhas, mas, para quê reinventar a roda se a economista Maria da Conceição Tavares, fez isso tão bem: Confira aqui!

9 de dez. de 2012

Educação para quê?

Perguntado a um professor da Finlândia por que é que o Governo de lá dá tanta atenção à Educação, ele respondeu: "- O maior patrimônio de uma nação é a mente humana. É dela que sai todo o progresso ou retrocesso de um povo"
Bonito, não? Se o Brasil começar a cultivar essa ideia, talvez, um dia, nossa "mente humana" tenha algum valor para o Governo...

O Brasil Fora dos Trilhos

Quem  defende o uso do transporte público no Brasil, provavelmente não o utiliza. Quem condena o trânsito, provavelmente não conhece o transporte público. Está tudo muito ruim.

O Brasil está parado por falta de transporte: de carro você não vai a lugar algum (pelo menos num tempo razável), e, de transporte público, você precisa de sorte para conseguir um lugar no horário certo, como também precisará para sair na estação ou ponto desejado. Sem falar no fato de que, enquanto você estiver dentro do coletivo, precisará de botina com bico de aço para não ter os dedos dos pés esmagados. Ah, e se, por alguma razão, você tirar o pé do chão perderá o lugar.

Nossos trens e metrôs são uma vergonha. Dói-me dizer isso, mas é verdade! No Brasil é tão ridícula a expansão do metrô que, ao invés de se estender  a malha, cria-se o engodo de construir estações entre estações próximas, gastando-se dinheiro no lugar errado.

Ferroanel? Sim, a proposta já é conhecida, mas é preferível o ultrapassado e anacrônico rodoanel, viadutos, faixas adicionais nas rodovias...

Interligações das regiões do Brasil? Só mediante rodovias. Poderíamos  ter  ramais ferroviários, mas prefere-se queimar diesel e gasolina para transportar coisas e pessoas, poluindo, destruindo asfalto, congestionando e provocando acidentes.

Até quando o Brasil vai continuar ignorando a importância do transporte ferroviário, que é bom, barato e ecologicamente correto,  e investir como gente grande?

24 de nov. de 2012

O caso Fantástico-UFRJ e o papel do CNJ


Por Luis Nassif
Coluna Econômica - 20/11/2012

O produto notícia sempre explorou a escandalização como um de seus maiores fatores de venda. Não se trata propriamente de serviço público, mas de uma operação comercial, que visa vender mais, atrair mais leitores/espectadores e, em alguns casos, pressionar anunciantes ou tomar partido em disputas empresariais ou políticas.

O escândalo é um produto jornalístico é, como tal, é tratado como marketing, da mesma forma que qualquer produto de consumo. E os ingredientes centrais desse marketing são a ampliação de verdadeira dimensão, “esquentar” a notícia, como se diz no jargão jornalístico.

Em geral, tende-se a analisar a imprensa apenas como contraponto ao Estado, como representante da opinião pública.

Ora, no universo da opinião pública há um sem-número de personagens: o Estado, os grandes interesses econômicos, os partidos políticos, os demais poderes da República e, principalmente, o cidadão, o indivíduo, frágil, vulnerável em relação aos poderes maiores.

É para este cidadão que deveria se voltar a olhar da Justiça. No entanto, sua única forma de defesa, hoje em dia, são as redes sociais, jamais o Judiciário.

Na semana retrasada o programa “Fantástico” anunciou uma matéria bombástica contra a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Falava-se em desvio de dinheiro, lançavam-se suspeitas de enriquecimento ilícito e por aí afora.

Das redes sociais veio o alerta de que estariam cometendo um “assassinato de reputação”. A matéria foi suspensa e transferida para domingo passado, agora com um cuidado jornalístico maior.

E aí se entra em um dos muitos recursos de manipulação de escândalos utilizados atemporalmente pela mídia: a confusão intencional entre problemas administrativos e desvio de recursos. Ou o superdimensionamento de pequenas infrações, tratadas como se fossem grandes crimes contra a ordem pública.

De acordo com o site do Fantástico, há 4 anos a UFRJ começou a ser investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) – que provavelmente encaminhou ao programa o inquérito sigiloso – e pela AGU (Advocacia Geral da União).

Tirando toda a retórica, o caso fica resumido a isto:

1. A UFRJ firmou convênio com o Banco do Brasil que, em troca da administração das contas, pagaria uma quantia anual à instituição. De 2005 a 2009. Segundo o MPF, deveria ter havido licitação. Mas era um banco público e uma instituição pública.

2. O dinheiro foi repassado para uma fundação, e não para o orçamento da Universidade e não foi incluído no SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal). Aí se tem uma irregularidade administrativa, sim. Mas, na própria matéria, especialistas atestam que quase todas as universidades procedem assim, para não cair no emaranhado burocrático da administração pública. De dois anos para cá mudou a legislação. A matéria reconhece que o contrato com o BB é anterior. Sem escândalo.

14 de nov. de 2012

A hora de rever os incentivos aos automóveis


Por Luis Nassif

É hora de rever a política de incentivos à indústria automobilística. Não se pode continuar andando pelo mar dos incentivos sem uma bússola para se orientar.

O Ministério da Fazenda está se baseando em uma análise superficial sobre os ganhos para a economia com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para automóveis. Compara-se a venda esperada com a nova venda, estimulada, e considera-se o diferencial como ganho.

Não é assim.

Entenda, primeiro, o que se considera engano na avaliação das perdas fiscais com a isenção.

Muitos analistas calculam a perda fiscal total como produto do total de veículos vendidos pelo imposto que deveria ter sido recolhido. Técnico do governo sustentam que a conta é incorreta porque, não fosse a isenção, seria muito menor a quantidade de veículos vendida.

Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar.

A redução temporária do IPI tem efeito apenas de antecipação pontual de compra de veículos. No momento seguinte ao do fim da isenção, há uma queda nas vendas justamente devido ao efeito-antecipação.

No máximo, o ganho líquido estimado seria o da redução do prazo de troca do veículo. Ou seja, em vez de esperar 4 anos para trocar o veículo, o consumidor troca em 3 anos. Mas esse ganho ocorre apenas uma vez - durante o período de isenção. Depois não se repete mais, a não ser por outros fatores - como a melhoria de renda - que nada tem a ver com a isenção fiscal.

Não apenas isso.

No orçamento dos consumidores o automóvel compete com grande variedade de itens, de bens de consumo durável ao lazer. O dinheiro despendido em um automóvel novo foi desviado da compra de uma geladeira, de um computador, de uma moto, da renovação do guarda-roupas, bens de consumo que recolhem impostos.

Privilegiando exclusivamente o setor automobilístico, a Fazenda compromete a isonomia fiscal, ampliando as vendas de um setor em detrimento de todos os demais.

Nos anos 90, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo apresentou sugestões muito mais criativas, de estímulos à troca de veículos antigos por novos (reduzindo a poluição), de programas para a renovação de frotas etc.

No modelo atual, sem maiores contrapartidas, não estão claros os ganhos da economia.

Pode-se alegar que, ao estimular a venda de automóveis, o governo movimentou a cadeia produtiva, impedindo uma queda maior do PIB e, consequentemente, uma queda maior na arrecadação.

Mas não há dados comprovando esses ganhos, seja pelo efeito-substituição no próprio setor, seja pela competição com a venda de outros produtos.

Há que se repensar também o novo acordo automotivo.

O governo condicionou benefícios fiscais a um conjunto de exigências, um PPB (Processo Produtivo Básico) mais consistente - isto é, com mais etapas de produção no país -, o aumento das compras internas de autopeças e ganhos de eficiência.

É bom, mas é pouco, especialmente levando-se em conta o potencial do mercado brasileiro, em um mundo em crise. O que o Brasil pretende ser no futuro? Qual o nicho de mercado que pretende ocupar? Como tornar as inovações desenvolvidas por aqui ativos nacionais e não apenas das montadoras?

Está faltando um choque de capitalismo chinês no governo.

1 de nov. de 2012

A busca das saídas para São Paulo

Por Luis Nassif 

Eleito prefeito de São Paulo, o economista, cientista social e filósofo Fernando Haddad terá pela frente um dos maiores desafios da gestão pública mundial: como humanizar uma grande metrópole, no caso, uma das maiores e mais desiguais do planeta.

É tarefa ciclópica que exigirá não apenas determinação política mas, também, diganósticos precisos.

Tome-se o caso do ex-prefeito José Serra. Foi um belo Ministro da Saúde porque encontrou prontos, no MInistério, diagnósticos, conceitos e planos de ações, esperando apenas o empurrão. E atuou politicamente com coragem e determinação.

Na Prefeitura, sem dispor dessa visão completa que havia na Saúde, e aparentemente abrindo mão de qualquer esforço de aprendizado, Serra nada fez. Foi incapaz de pensar diagnósticos, não atraiu pensadores, gestores e, de olho nas campanhas futuras, flexibilizou o sistema de licenciamento de construção em níveis anteriormente só vistos na gestão Paulo Maluf,.

Entrou prefeito e, depois, deixou a Prefeitura, sem entender pontos básicos de administração de metrópoles. A ponto de , tempos atrás, em um evento em São Paulo - presente um economista norte-americano especialista em economia das cidades - criticar os ônibus por "atravancarem" o trânsito.

Haddad entra com outro pique. Com uma formação mais vasta que Serra, já na montagem do seu plano de governo conseguiu trazer de volta para o PT grupos intelectuais que haviam debandado em função do escândalo do "mensalão". E também toda uma geração de urbanistas que desiludiu-se com a prefeitura depois que ela subordinou as principais decisões urbanísticas aos interesses da indústria imobiliária.

Haddad assume com a intenção de retomar as rédeas do plano diretor, mas sabendo que a construção civil é um aliado imprescindível para a melhoria da cidade - desde que a prefeitura defina claramente as prioridades. O descontrole imobiliário, atendendo a temas imediatistas, no final do processo acaba sendo ruim para todos, inclusive para o setor imobiliário.

Um dos pontos centrais da reforma urbana será o de aproximar os moradores do emprego. Haddad já apontou a política fiscal como indutora para levar mais empresas para as regiões pobres da cidade.

Há outros temas mais complexos, especialmente o da segregação de moradias, que faz com que toda a cadeia produtiva das classes de maior poder aquisitivo - empregados domésticos, prestadores de serviços, empregados de comércio - morem a quilômetros de distância do local de serviço.

Há um enorme espaço de reurbanização em zonas de interesse social nas quais se deverá experimentar a convivência de moradias caras com moradias populares.

Mas o ponto central de uma administração moderna - enfatizada por Haddad em seu discurso inicial - será promover o diálogo com todas as formas de organização que habitam o microcosmo riquíssimo da metrópole.

Tomem-se as Organizações Sociais (OSs) de saúde. Úteis, sim. Mas, a exemplo do PAS de Paulo Maluf, anunciou-se mas não se implementou a perna principal: dar força aos conselhos de saúde, capazes de fiscalizar não apenas a qualidade dos serviços como os gastos de cada unidade.

A promoção dessa diálogo amplo - com intelectuais, especialistas, organizações populares e empresariais - poderá ser o ponto de partida para o reencontro da metrópole com seus moradores.

Amianto: pode ou não pode?

DO CONSULTOR JURÍDICO

STF: Ministros divergem sobre banimento do amianto no Brasil

Os ministros Marco Aurélio e Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal, relatores de duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade que avaliam o banimento do amianto na indústria brasileira, divergiram diametralmente ao proferir seus votos nesta quarta-feira (31/10). As ADIs 3.937 e 3.557 questionam, respectivamente uma lei do estado de São Paulo e outra do Rio Grande do Sul que proibem a extração, bem como a produção e a comercialização de qualquer produto que tenha o amianto crisotila em sua fórmula. Ayres Britto rejeitou ambas as ADIs ao passo que Marco Aurélio as julgou como procedentes. Em termos muito reducionistas, Britto levou em conta, em seu voto, o direito à saúde, enquanto Marco Aurélio questionou até que ponto o cidadão necessita de leis que o superprotejam. Foram coletados os votos apenas dos relatores em uma longa sessão de julgamento que se estendeu por toda a tarde até quase às 22h.

De forma mais ampla, os ministros consideraram até que ponto legisladores regionais podem legislar, por meio de leis complementares, em relação ao que disciplina, de forma evasiva e frouxa, a norma geral da União. E, em um segundo momento, quão singular é a toxicidade do amianto crisotila em comparação a outros materiais, de modo a justificar seu banimento em detrimento do uso controlado e restrito.

A ADI 3.937, sob relatoria do ministro Marco Aurélio, é procedente de São Paulo e foi ajuizada no STF em 2007. A ADI 3.557, que têm como relator o ministro Ayres Britto, é original do Rio Grande do Sul e foi impetrada em 2001. Ambas tem como autor a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI), que questiona a constitucionalidade das duas leis estaduais que proíbem, naqueles estados, a produção e a comercialização de produtos que tenham fibras de amianto do tipo crisotila em sua composição. As ADIs sustentam que os diplomas regionais ferem o preceito constitucional da livre iniciativa além desconsiderar que a fibra pode ser utilizada de forma controlada e segura, a exemplo de outros materiais de risco.
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29 de out. de 2012

Sob Nova Direção



A cidade de São Paulo deixa uma herança maldita para Haddad: um passivo de R$ 67,4 bilhões. Isso é duas vezes maior que a receita anual do município, e 630 vezes maior que o último superávit obtido: R$ 106 milhões.  Ou seja, meus caros paulistanos, São Paulo está pior que a Grécia. Precisava de mudança.

Acho até compreensível que se critique o PT por conta do mensalão. O PT merece mesmo um baita pontapé no traseiro; mas, querer manter a prefeitura nas mãos dos tucanos depois de tamanho estrago não me parece nada sensato.

Se o opositor de Serra era Haddad, que seja Haddad o prefeito. Simples assim!

22 de out. de 2012

Mensalão, Valerioduto e outros Dutos


Esqueçam, ao menos por um momento, esse negócio de "partido político". Não é isso que está em questão, não é esse o debate. Não se trata de idoneidade ou não de partidos, mas de pessoas.
Todos criticam o PT pelo mensalão, mas, lembro-me bem, o próprio Fernando Henrique Cardoso, ao ser sondado pela imprensa a respeito dos prováveis ministros logo que Lula ganhou as eleições, afirmou que José Dirceu tem um ótimo perfil para ser ministro Chefe da Casa Civil. Pouco tempo depois ele levou uma bengalada.
FHC tem (ou teve) vínculos com o Advogado-réu Rogério Tolentino ( link ).
Lula também tem pecados graves que não dá para esconder com o manto "mágico" do "não sei de nada".
A corrupção de "alto nível" não é criação do PT, e não terminará se ficarem de fora integrantes de outros partidos.
Na verdade, a própria expressão "mensalão" (tratada na Ação Penal 470) é imprópria. Ela nos dá a falsa noção de que todos os corruptos já foram denunciados e serão punidos pelo STF, o que não é verdade. Muuuuitos outros transitam livremente por aí...

19 de out. de 2012

A não-etiqueta das redes sociais

Por Luis Nassif

Muito se tem falado sobre as virtudes das redes sociais. De fato, elas ajudam a criar um novo tipo de indivíduo-cidadão.

Antes da Internet – e das redes sociais – o cidadão médio limitava-se a participar da vida pública apenas nas eleições. No intervalo delas, conformava-se em ler jornais (os mais bem informados) e no máximo participar de discussões no trabalho ou no bar.

A Internet conferiu um protagonismo até então inexistente. O cidadão pode apoiar ou rejeitar mensagens (com o botão Curtir), difundir mensagens que goste e até colocar suas próprias opiniões em grupos de discussão ou de relacionamento.

Nas empresas, as redes sociais possibilitaram enormes ganhos de sinergia, relacionamento, aparecimento de novas ideias, aperfeiçoamento de processos.

Mas nos grandes ringues públicos – Facebook, Twitter, Orkut – o jogo é outro.

Nos anos 90, quando surgiu o fenômeno das salas de chat, muitas pessoas entravam anonimamente nas salas e faziam, ali, o que não ousariam fazer em público ou onde pudessem ser identificados. Brincadeiras, cantadas, agressões, tudo era permitido.

Quando as redes sociais ganharam ímpeto, os personagens, antes anônimos, passaram a ser identificados. Pensava-se, então, que a etiqueta na rede seguisse aquela vigente nas relações presenciais. Coisas simples, do tipo: não ofenda uma pessoa cujas ideias discorde; não agrida verbalmente ninguém; comporte-se com educação.

Especialmente em períodos eleitorais, nas redes sociais impera virulência em níveis inacreditáveis, independentemente da classe social, formação escolar ou nível intelectual. É um vale-tudo fantástico.

Mais que isso. Nas modernas sociedades democráticas, uma das características do indivíduo é o individualismo, o isolamento. Os clássicos do estudo das democracias já captavam, ainda no século 19, essas características no chamado homem médio.

Primeiro, uma insegurança em relação à posição social ou financeira, fruto da mobilidade social que caracteriza regimes democráticos – e que tendem a se agudizar em períodos de grandes transformações, como os que passamos.

A insegurança provoca nele um conservadorismo terrível, que o faz reagir contra ameaças de perda de status ou da condição financeira – presentes na ascensão de novas classes sociais. Foi assim nos EUA do século 19 e é assim no Brasil do século 21.

Uma das maneiras de romper o isolamento, e se sentir mais fortalecido, é seguir o chamado “efeito-manada”, o sentimento que julga ser preponderante na maioria. Em grau menor, até algum tempo atrás essa homogeneização do pensamento era proporcionado pela chamada grande mídia, ao vocalizar valores que, pelo efeito-manada, acabavam preponderantes no universo da chamada opinião pública.

Com as redes sociais, esse mundo homogêneo fragmentou-se. Agora, cada indivíduo pertence a um grupo – como torcidas organizadas– e os mais rústicos e despreparados apegam-se ao grupo como se fosse seu universo único, agredindo todos de quem possam divergir.

Espera-se que seja uma fase passageira, fruto da infância das redes sociais. Mas que assusta, assusta.

12 de out. de 2012

Vamos falar de sexo?


Pesquisas revelam que se você utilizar a palavra sexo em quaquer texto aumentará sensivelmente a quantidade de leitores, independentemente do assunto. Na verdade, o assunto pouco importa, né? O que importa é sexo!

Portanto, sexualmente falando, em todas as eleições é impressionante o número de médicos-candidatos. Muitos até ganham as eleições, mas, se são médicos e "conhecem" a área da saúde (como dizem), por que é que a saúde nunca melhora? E, pior, por que é que sempre ganham? Quem vota nesses caras? Quem está fodendo quem?

Quase todos os candidatos (para não dizer todos), falam em honestidade, moralidade, fim da corrupção, etc. Mas, por que é que muitas questões nebulosas envolvem os eleitos? Cito, por exemplo, investimentos em campanha superior à soma dos salários, relações políticas duvidosas, compra de apoio, negócios obscuros...

E em relação ao meio ambiente? Vê-se um descaso absurdo, uma série de discursos em desalinho com a conduta, práticas paradoxais e insustentáveis, falta de comprometimento com o planeta... Enfim, tudo contrário ao que se deseja.  

Sexualmente falando, acho tudo isso uma incongruência, uma sacanagem! É pura pornografia político-eleitoral explícita que nem deveria sair nos jornais, mas naquelas revistinhas que vêm lacradas nas bancas (ou pelo menos vinham).

Para falarmos o português claro - como estamos falando de sexo mesmo -, que porra toda é essa? E esse troço da Ação Penal 470 (proibiram-nos até de usar a palavra mensalão)? Como classificar isso sexualmente? Seria suruba? Bukkake?

Do jeito que a coisa anda, o TRE deveria alertar o eleitor a usar camisinha. Se tivéssemos evitado essa prenhez corrupta, o STF não teria, agora, que autorizar um aborto no governo.

Coisa feia, né?

11 de out. de 2012

Bolha Imobiliária


Onde há fumaça, há fogo. 
Sinais de bolha imobiliária no Brasil são cada vez mais evidentes.


VALOR ECONÔMICO:  
FMI alerta para riscos da forte expansão do crédito

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O Fundo Monetário Internacional voltou a expressar preocupação ontem, na divulgação de seu Panorama Econômico Global, com o rápido avanço de crédito bancário e com a elevação do preço dos imóveis no Brasil e outras economias emergentes. "Nos quatro anos seguintes a 2007, os preços dos imóveis subiram perto de 100% acima da inflação nas maiores cidades do Brasil", diz o relatório. O Fundo também voltou a chamar atenção para o recente aumento da inadimplência bancária no país. E assinala que as empresas estão mais alavancadas, com dívidas que superam 100% de seu capital em ações.

5 de out. de 2012

Ação Penal 470: Deputado Valdemar Costa Neto


O Deputado Valdemar da Costa Neto, recorrerá à Corte Internacional escorado no argumento de inexistência de previsão constitucional para o duplo grau de jurisdição no seu caso.

Ele alega que, qualquer cidadão tem direito a uma revisão de julgamento, a uma "segunda chance", para rebater os fundamentos da condenação. Mas, esquece-se de dizer que apenas os "escolhidos", como ele, tem foro privilegiado, que todo cidadão comum tem suas causas apreciadas por um juiz singular e, em sede de recurso, por três desembargadores, dando um total de 04 "juízes".

Ele, porém, teve seu caso examinado por 10 (dez) Ministros do STF e TODOS o condenaram por corrupção passiva, 09 (nove) o condenaram por lavagem de dinheiro e 06 (seis) o condenaram por formação de quadrilha.

Quando alguém se propõe a ser Deputado, Governador, Prefeito, ou seja lá o que for, deve, antes, calcular os ônus que vem junto aos os bônus do ofício. Está tudo no pacote, embrulhado para presente.


3 de out. de 2012

38 planos de saúde são suspensos pela ANS

A Agência Nacional de Saúde proíbe 38 (trinta e oito) operadoras de planos de saúde de vender novos planos ao mercado por deficiência nos seus serviços.

Infelizmente, isso ocorre porque há uma certa conivência do Judiciário com empresas de má-fé. Nas demandas onde os consumidores alegam descumprimento de contrato e insatisfatoriedade nos serviços, onde haja pedido de condenação em dano moral, esse dano, em caso de procedência, deveria ser mega-super-ultra majorados, afim de evitar a recidiva irritante dessas empresas gananciosas, irresponsáveis imorais e criminosas.

Vale lembrar que, recentemente, a ANATEL suspendeu diversas operadoras de celular por operarem de forma imprestável.

O curioso é que essas mesmas empresas tiveram um êxito tremendo em fazer com que a Justiça aceitasse passivamente a falsa ideia de existência de "Indústria do Dano Moral".


Obrigado ANS!


1 de out. de 2012

Obama, Chavez e Lula


Quando Lula estreitou laços com Chavez (Venezuela), foi fortemente criticado pela imprensa nacional, especialmente a revista Veja, que crê que sua fução como órgão de imprensa é criticar o Governo, independentemente de seus acertos.

Obama, recentemente, tem elogiado Chavez e, este, por sua  vez, tem retribuido de forma ainda mais generosa. E isso é compreensível, pois a Venezuela é um dos principais parceiros comerciais dos EUA no fornecimento de petróleo, de modo que é necessário realinhar os dois países para equilibrar oferta e demanda.

O curioso é que se o Governo basileiro era criticado de forma simplista, sob o argumento de estar errado. Será que Obama  está cometendo o mesmo erro? Eu, particularmente, não creio nisso; para mim, houve um erro de leitura dos oposicionistas do governo brasileiro que se recusam a aceitar o fato e se retratar.

26 de set. de 2012

O julgamento do Mensalão e os Ministros do STF

Joaquim Barbosa estava indo bem...
É preciso tomar cuidado para não deixar o ego suplantar o profissional.
Convém respeitar o direito dos demais Ministros em expressar seus votos com liberdade de convicção, ao invés de meter-se numa vã tentativa de enfeixá-los numa interpretação exclusivamente "barbosiana".
O STF tem que ser multiplicidade de pontos de vista. Caso Barbosa não consiga suportar isso, deveria considerar a possibilidade de se tornar juiz monocrático.

21 de set. de 2012

Maomé e as Charges

É certo que toda religião deve ser respeitada, mas NENHUM abuso ao direito de expressão (e isso infelizmente há e sempre haverá) deve ser coibido com protestos que provoquem sofrimento e morte. Não é essa sociedade que queremos.
Se Maomé é bom, não deve desejar o mal.
Se Deus é onipotente, não precisa da nossa proteção. Ele sabe se defender sozinho.


Revista alemã anuncia que vai publicar nova charge de Maomé


20 de set. de 2012

O pouco efeito da Selic sobre o crédito

Por Luis Nassif

Há um enorme desconhecimento de senso mínimo de proporção na cobertura econômica.

Jornais de ontem informavam que a redução da taxa Selic – de 8% para 7,5% ao ano – não havia se refletido nas taxas do cheque especial (caiu de 8,03% para 8,01%) e empréstimo pessoal (de 5,39% para 5,37% ao mês).

Vamos a algumas contas básicas.
A redução da Selic foi de 0,5% ao ano.
0,5% ao ano significa 0,04% ao mês.

Seja redução de 0,04% ao mês ou 0,02% ao mês, a diferença é insignificante.

Esse é o ponto no qual venho batendo há tempos. É tão relevante a diferença entre a Selic e as taxas de mercado, que elevações ou reduções da taxa em nada impactam a demanda ou a formação de estoques.

Dias desses, o “professor de Deus”, Alexandre Schwartsman, escreveu longo artigo pretendendo tirar do Banco Central o mérito pela queda da inflação. Disse – com proficiência – que a Selic em nada interferiu na queda, que os efeitos vieram do exterior.

Pela primeira vez seguiu a lógica. E, seguindo a lógica, se deveria concluir que não foi a elevação da Selic quem produziu a redução da inflação a partir de 2011, mas o próprio mercado internacional, reduzindo o impacto das elevações das commodities.

Do lado da demanda, as taxas de juros influem de duas maneiras:
Encarecendo o crédito ao consumidor.
Aumentando o custo de manutenção de capital de giro pelas empresas.

Para ser eficaz, ambos os custos deveriam subir em nível tal que desestimulassem as operações. No caso do capital de giro, a redução poderia ocorrer devido ao aumento do custo do giro e também pela redução do nível de consumo. Se a Selic em nada interfere em ambos, do lado da demanda é inócua.

Muito mais eficazes foram as medidas prudenciais, regras inibidoras de financiamento e aumento do compulsório (a parcela dos depósitos bancários recolhidas ao Banco Central).

O impacto maior da redução da Selic se dá no campo do investimento.

Nos planos de investimento, os prazos são elásticos – em média 20 anos, especialmente em obras de infraestrutura.

Na hora de calcular a taxa de retorno, os investidores tomam como parâmetro a Selic. Se a taxa cai, significa que o investidor aceitará uma taxa de retorno menor. Aceitando, haverá um aumento no valor inicial do investimento.

Uma redução de 0,5% ponto na Selic, em um investimento de 20 anos de prazo, significará um aumento de 3,8% no valor do investimento – mantidas as demais variáveis. Se se analisar a queda total da Selic – de 12% para 7,5% - significou um aumento de 36% nos investimentos previstos em um plano de negócios.

A conta é simples:
Suponha uma taxa de retorno de 12% ao ano, um prazo de 20 anos e uma rentabilidade de (por hipótese) R$ 1.000/ano. Nessa hipótese, o investidor aceitaria pagar R$ 7.469,00 por uma rentabilidade de 12% ao ano.
Se a taxa de retorno cai para 7,5%, e o lucro continua em R$ 1.000,00, o valor do investimento subiria para R$ 10.195,00. Unicamente pelo efeito taxa de juros.

Do lado oposto, quando o BC aumentava a Selic, para conter a demanda, o efeito que conseguia era inverso: desestimulava a oferta, aumentando o descompasso entre oferta e demanda.

18 de set. de 2012

Eike, Thor e a EBX


Do ADVFN:

"Eike Batista elege filho para direção da EBX Brasil
O conselho de administração da EBX Brasil aprovou ontem a eleição de Thor Batista, filho do mega empreendedor Eike Batista e controlador do Grupo EBX, como Diretor da EBX Brasil. A principal atividade desenvolvida pela EBX Brasil é a participação no capital de outras sociedades, atualmente participando da LLX Brasil e MMX Corumbá. Thor Batista foi eleito para ocupar o cargo de Diretor, sem designação específica, e renunciou ao recebimento de qualquer remuneração, tendo em vista que já é remunerado por outras empresas sob controle comum. A nomeação de Thor Batista ao cargo de Diretor virou piada na internet e redes sociais, principalmente por Thor ser ainda muito jovem com apenas 21 anos de idade. No entanto, apesar dos comentários maldosos pela internet, é muito provável que Eike Batista queira uma maior presença do filho durante os processos administrativos de suas companhias para aprender seu estilo de gestão. Afinal, o império criado por Eike eventualmente passará para as mãos de seus herdeiros, sendo Thor o mais velho deles. "


...

Bom, a EBX é do Eike, o capital é do Eike, Thor é do Eike...

Qual o problema em colocar Thor como "Diretor" se na prática está  tudo como sempre esteve?

É óbvio que Thor terá a supervisão técnica do Eike. Ademais, sendo aquele filho deste, é natural que  este deva prepará-lo para uma futura sucessão, ainda que distante.

Na Inglaterra  há príncipes jovens e peraltas, não há? No Brasil há vários Prefeitos, Vereadores, Deputados, Juízes, Promotores, Médicos, etc. Todos igualmente jovens. Se for para haver um controle em relação à idade que haja nas empresas e órgãos públicos, não nas empresas privadas.


Logo, nada há de mais no fato de Thor ser colocado como diretor da EBX (que, aliás, ainda é de capital fechado).

Portanto Eike, fique tranquilo e deixe o Thor lá.  Eu autorizo! Se der merda, eu seguro a onda.


6 de set. de 2012

A lenta recuperação da economia


Por Luis Nassif

Para duas instituições representativas da indústria – a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e o IEDI (Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial) – o setor começa a mostrar sinais de recuperação.

A CNI aposta em retomada de crescimento nos próximos meses, conforme avaliação do seu gerente executivo, Flávio Castelo Branco. A pesquisa Indicadores Industriais revelou uma queda no faturamento real do setor, de 2,4% em julho em relação a junho. Mas comprou um aumento na UCI (Utilização da Capacidade Instalada) de 80,7% para 81,6%.

Houve aumento de 0,2% do emprego – terceiro seguido -, embora as horas trabalhada tenham caído 0,3%. Ambas as mudanças apontam para estabilização, interrompendo o processo de queda. A aposta na melhoria de desempenho se deve à queda dos juros, à desoneração de bens duráveis e dos encargos sobre a folha de salários em vários setores.

"Muito dificilmente o PIB chegará no final do ano crescendo a 4 ou 4,5% na ponta, como prevê o Ministro da Fazenda Guido Mantega. Conseguiu-se interromper a queda, mas o ritmo da recuperação ainda é uma incógnita"

Dois dos 19 setores pesquisados tiveram comportamento negativo: metalurgia básica e borracha e plástico. No primeiro caso, queda de 5,5% no faturamento e de 2,3% na produção em relação a julho de 2011. NO segundo caso, queda de 1% no faturamento.

Mesmo recuperando-se no segundo semestre, o panorama do ano não é animador. Segundo o IEDI, há a possibilidade da recuperação não compensar as perdas do primeiro semestre, fechando o ano com queda. No primeiro semestre, a queda foi de 3,7%.

Assim, há que se analisar os resultados na “margem”, na ponta. Justamente os aumentos na produção de bens de capital e na utilização de capacidade interna. O IEDI entendeu que investimentos podem estar se recuperando assim como as compras internas dentro da indústria. Saliente-se o fato de que12 segmentos apresentaram resultado positivo em julho.

Mesmo assim, os dados do ano assustam: 

“Ainda na comparação com julho de 2011, a produção de bens de capital caiu 9,1% em julho deste ano, assim como recuaram as produções de bens duráveis (–2,7%), de bens semi e não duráveis (–2,3%) e de bens intermediários (–1,7%). No acumulado dos sete primeiros meses do ano, as quedas de produção são muito significativas em bens de capital (–12,0%), em bens duráveis (–8,4%) e em bens intermediários (–2,5%). A produção de bens de consumo semi e não duráveis também caiu no acumulado do ano até julho, mas em menor proporção (–0,5%)”.

Numa outra frente importante para a definição do PIB (Produto Interno Bruto), a construção civil, o mercado continua aquecido. O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) de agosto, medido pelo IBGE, apresentou alta de 5,49% nos últimos doze meses.

O Rio de Janeiro registrou o maior custo por metro quadrado do país, com R$ 951,86. Esse índice serve de parâmetro para a fixação de custos de execução de obras públicas.

Muito dificilmente o PIB chegará no final do ano crescendo a 4 ou 4,5% na ponta, como prevê o Ministro da Fazenda Guido Mantega. Conseguiu-se interromper a queda, mas o ritmo da recuperação ainda é uma incógnita.

Como dizia o ex-Ministro Mário Henrique Simonsen, produzir queda na atividade econômica é como puxar um saco com uma corda; retomar o crescimento é como empurrar o saco com a corda.

3 de set. de 2012

Bolha Imobiliária?


O preço dos imóveis tem me preocupado bastante.

Sabemos que há um "déficit de moradias" imenso, mas há que se considerar que esse déficit não é porque faltam imóveis no mercado, faltam é imóveis disponíveis para venda a preços justos.

Há muitas pessoas com diversos imóveis e muitas pessoas sem imóvel nenhum.
 
Com a especulação provocada pelo aquecimento do setor imobiliário muitas pessoas  aventuraram-se a adquirir imóveis para especular, e ainda continuam fazendo isso. Outras, que pretendem simplesmente morar, entram perigosamente num financiamento de longo prazo sob o pretexto de juros baixo; mas esquecem-se que juros baixos sobre preços inflados é o mesmo que juros altos sobre preços baixos. Não importa para onde o dinheiro está indo (se para o banco ou para as construtoras), mas de onde ele está saído, e, no caso, é do bolso do consumidor que, cada vez mais, compromete sua renda futura.

Não é possível um cidadão da classe média, extremamente vulnerável à crise, meter-se num financiamento para comprar um imóvel de 300 ou 500 mil. Hoje, paga-se cerca de meio milhão numa casa ou apartamento sem que haja lastro do consumidor e da própria Economia. Para agravar ainda mais a situação, financia-se a longo prazo carros, móveis e viagens, comprometendo-se seriamente a renda  futura.

Em havendo um aprofundamento da crise, os imóveis mantidos em carteira serão desovados no mercado, derrubando os preços; ao passo que, quem comprou para morar, estará pagando caro por algo que valerá  menos do que o preço adquirido.

Se eu não estiver enganado (e, sinceramente, espero que esteja), será um Deus-nos-acuda.

29 de ago. de 2012

Incertezas do Negócio


Recentemente a MPX de Eike Batista sofreu uma derrota na Justiça do Chile que causou sérios prejuízos não só à empresa, mas ao próprio Chile. Ambos foram perdedores.

Trata-se de um investimento de US$ 5 bilhões que já estava paralisado há mais de ano por conta dessa confusa disputa judicial ( link).

Mas isso não acontece só no Chile. Aqui no Brasil coisas semelhantes são muito comuns dadas as dificuldades e burocracias para se obter licenciamentos ambientais. Essas incertezas afastam investidores que poderiam produzir riquezas no país.

Temos, por exemplo, o caso da usina de Belo Monte, que, malgrado o volume de investimentos, já virou palhaçada: ora está liberada, ora não.

Não é possível bilhões de dólares e empregos ficarem paralisados por conta de uma decisão judicial posterior à permissão do investimento. O país deixa de ser sério, tornando os investimento um jogo de dados.

Está na hora de pensarmos numa espécie de "Seguro Jurídico" de responsabilidade do Executivo. Como está hoje, o Executivo atrai os investidores e, depois, aparece o Judiciário, do nada, e bloqueia tudo.

É óbvio que não  estou criticando o trabalho técnico do Judiciário, que, seguramente, tem que continuar, o que critico é a ordem das coisas: primeiro se investe, depois se discute  se o empreendimento é lícito? Isso não pode acontecer. As concessões e alvarás deveriam passar pelo crivo da legalidade ouvindo-se todas as  partes envolvidas, para, só então, serem emitidos. Uma vez emitidos, não poderiam mais ser anulados, sob pena de o próprio Executivo, que chamou os investidores, ter que arcar com os prejuízos que as incertezas do país causaram. Aí sim, teríamos um terreno mais  fértil para novos e importantes negócios.

Um empresário não pode investir bilhões e ficar à mercê da sorte.

28 de ago. de 2012

Príncipe Nú! E daí?


Às vezes, a correria do dia-a-dia não me permite estar atualizado em "tempo real". Por isso, quando me meto e ler notícias, dou uma retroagida no tempo - coisa de alguns dias -, para ver o que perdi.

Deparei-me com o tablóide britânico Sun noticiando que o príncipe Harry foi flagrado, pelado, agarrando uma garota também nua, em Las Vegas... (Link). Que merda de notícia!

Tanta gente sendo morta na Síria,  tanta  gente passando fome na África, tanta gente desempregada e se matando por conta da crise  global e a "imprensa" britânica preocupada com o "bigulinho" real...
 
Mas,  talvez,  há algo de bom a ser tirado dessa situação. Londres, cumprindo as ordens dos EUA, quer a todo custo "deletar" Julian Assange. Na falta de alguma acusação importante, achou por bem, como de praxe, apontá-lo como autor de crime sexual em outro país; e, pior, sem qualquer acusação formal no país onde supostamente o crime teria acontecido.

Mas, agora veio a surpresa do príncipe Harry fazendo suas estripulias sexuais em Vegas, deixando a realeza com saia justa.

E agora José?





 

21 de ago. de 2012

Como Wall Street manipulou ações de tecnologia


Por Luis Nassif

Ontem, a valorização dos seus papéis transformou a Apple na empresa mais valorizada da história: US$ 662,50 bilhões, superando os US$ 620,58 bi da Microsoft no pregão do dia 30 de dezembro de 1999. Hoje em dia, a Microsoft vale US$ 258 bi.

O fato traz à memória a lambança que foi o mercado de tecnologia no final dos anos 90. Uma grossa cobertura da mídia norte-americana criou miragens inacreditáveis. Gurus milagrosos, capazes de transformar pó em ouro, eram incensados. Muitos deles vieram ao Brasil para explicar seu poder mágico de identificar os grandes lançamentos.

Tudo fazia parte de um enorme esbulho dos acionistas, que ainda não entrou no inventário dos golpes de mercado com derivativos.

Em 10 de março de 2.000, sob o título “A exuberância irracional e os bancos” analisei um episódio sintomático.

A Goldman Sachs, em análise feita naqueles dias, havia recomendado a compra de ações da Microsoft, que já vinham em queda desde dezembro.

Por aqueles dias, a União Europeia havia instaurado inquérito contra a empresa, acusando-a de práticas monopolistas. Chegava ao fim o arcabouço tecnológico e jurídico que permitiu a Microsoft crescer durante décadas, entrando em sistemas operacionais, bancos de dados, softwares de rede, games etc.

No artigo, reproduzi análises do leitor Cleber Resende.

Lembrava ele:

“Alguém em sã consciência pode sugerir que uma empresa que já vale US$ 400 bilhões poderá valer ainda mais?", perguntava ele.

Em 1998 a Microsoft faturou US$ 12 bilhões. Em 99, com todo o frisson causado pelo lançamento do Windows 98, US$ 14 bilhões. Ela teria que ter um lucro anual (lucro, não faturamento) de pelo menos US$ 40 bilhões, para valer o que valia por aqueles dias. No primeiro trimestre de 2012, seu lucro foi de US$ 5,11 bilhões.

(…) A sua especialidade é o mercado domiciliar e os pequenos escritórios. Quando sai para outros segmentos, a história tem sido outra. Em certos nichos, como o dos videogames, os computadores perderam feio para os consoles japoneses.

Posteriormente, a Microsoft foi bem sucedida no mercado de games.

Continuava a análise:

A sua penetração no mercado empresarial, em que lança agora o Windows 2000, não é das mais fortes. Até hoje o NT não conseguiu o desempenho dos sistemas Unix, e empresas como a Oracle continuam dominando amplamente o universo dos provedores de Internet.

A estratégia de casar as aplicações em desktops individuais com a rede produziu uma barafunda infernal em seus sistemas. O resultado foi a criação de programas dez vezes maiores que os dos concorrentes para executar as mesmas tarefas.

Pela primeira vez a Microsoft está entrando em um território em que já estão empresas tecnologicamente dinâmicas e consolidadas. E no seu próprio território a tendência será o acirramento da concorrência, pelo surgimento de sistemas abertos e de programas gratuitos e mais funcionais.

Provavelmente o banco tinha em carteira papéis da Microsoft. Despejando-os no mercado, as cotações cairiam mais ainda. Providenciou então uma análise favorável, para poder passar o mico para terceiros.

19 de ago. de 2012

Os EUA e as soluções sexuais

Os Estados Unidos têm muitos problemas sexuais.

Seus desafetos internos e externos normalmente são acusados pela prática de escândalos/crimes sexuais: Bill Clinton, Dominique Strauss-Kahn, diversos agentes do serviço secreto, membros das forças armadas e, agora, Julian Assange... Que falta de criatividade...

Se Al Capone fosse o alvo hoje, certamente teria comido alguém...

Se o Brasil utilizasse as técnicas avançadas de investigação dos EUA, já teríamos prendido uma infinidade de corruptos por terem f*%#$* com o país inteiro.

16 de ago. de 2012

Vai trabalhar ô preguicoso!


A Justiça decidiu: Ninguém é obrigado a sustentar vagabundo!
Mas, se os filhos forem bem educados (desde pequenininhos), não será necessário que o Judiciário tenha que se ocupar com esses assuntos.

Veja a matéria abaixo:

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina deu razão ao pai que deixou de pagar pensão alimentícia ao filho de 22 anos. Um acordo previu que o pai ajudaria a financiar os estudos do filho desde que entrasse na faculdade até julho de 2009 e que se empenhasse nos estudos. Ele ingressou na universidade em 2010 e a conclusão do juiz, do Ministério Público e dos desembargadores foi de que ele só se matriculou para continuar recebendo a pensão.

Leia mais em:
http://www.conjur.com.br/2012-ago-15/pai-deixar-pagar-pensao-filho-nao-interessa-estudar

15 de ago. de 2012

TJSP: Processo Digital cada vez mais próximo

O Tribunal de Justiça de São Paulo, sob o comando do presidente Ivan Sartori, está colecionando  sucessivos avanços tecnológicos.

São computadores modernos, sistemas de trabalho mais eficientes, vigilância terceirizada, monitoramento por CFTV nos Fóruns do Estado, e, como cereja do bolo, o processo digital, cuja implantação em todo o país vem sendo orquestrada pelo Conselho Nacional de Justiça -  CNJ.

Já há alguns Fóruns Digitais Piloto mostrando excelentes resultados. A redução de custos operacionais proporcionada pela "justiça sem papel", possível com os recentes investimentos em tecnologia pelo Tribunal de Justiça, é significativa.

Hoje, o maior Tribunal da América Latina (que há muito tempo amargava um atraso tecnológico de igual tamanho),  já consegue oferecer um serviço com melhor qualidade. E há mais por vir.

Abaixo segue matéria do Diário Oficial da Justiça - DJE, retratando o exemplo do Fórum Regional do Butantã (clique na imagem para ampliar):


A qualidade dos serviços bancários


por Luis Nassif

Ontem o Protest, da Maria Inês Dolci, organizou seminário e apresentou sua pesquisa sobre produtos bancários.

A pesquisa consultou 5.095 consumidores entre outubro e novembro de 2011. Constatou a fidelização do cliente ao banco em que mantem sua conta corrente; o fato da maioria dos clientes não saber o quanto paga de tarifas bancárias; e o fato de que a tarifa básica em geral é mais cara do que a cesta de serviços mais caras dos bancos.

Mediei uma mesa redonda sobre o tema, que reservou algumas surpresas.

"...o sistema ainda padece de muitas deficiências, apontadas na pesquisa. E aí fica claro que investimento feito em tecnologia não foi acompanhado por investimento similar em recursos humanos."

Nos anos 80 inaugurei o chamado jornalismo de serviços, criando a seção "Seu Dinheiro", no Jornal da Tarde e, depois, a "Dinheiro Vivo", na Folha. Naquele período, de inflação elevada, o grande serviço prestado era informar o cliente sobre as armadilhas embutidas nas contas do crédito e da aplicação.

O quadro hoje é outro - embora ainda se tenha muito a avançar. Nos últimos anos, o Banco Central obrigou à padronização nas formas de informar os juros. Obrigou também a padronização dos serviços bancários, permitindo a comparação entre produtos de bancos diferentes. Também destinou parte da fiscalização para fiscalizar as relações dos bancos com seus clientes.

De seu lado, a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) criou um código de conduta e um sistema de autorregulação, que inclui até penalizações dos infratores. Mas há um longo caminho para se avançar.

Aliás, foi surpreendente a autocrítica de Gustavo Marrone, diretor de autorregulação da Febraban.

Identificou na pesquisa da Protest o reconhecimento do consumidor sobre a estrutura operacional dos bancos brasileiros, das mais avançadas do mundo por conta do período inflacionário. No entanto - salientou Marrone - o sistema ainda padece de muitas deficiências, apontadas na pesquisa. E aí fica claro que investimento feito em tecnologia não foi acompanhado por investimento similar em recursos humanos.

Um dos princípios fundamentais do banco politicamente correto deve ser o de oferecer produtos simples e adequadas a cada consumidor e só ofertar aquilo que o consumidor necessita.

Marrone reconhece as taxas elevadíssimas do cheque especial e do cartão de crédito. Por isso mesmo, diz ele, é para situações de absoluta emergência, de dois, três dias no máximo. Se o cliente está mais do que esse período no cheque especial, é responsabilidade do gerente aconselhá-lo e oferecer linha de crédito mais adequada e barata.

Em relação à conta corrente, diz ele, a lei diz que não se deve pagar nenhum centavo. Trata-se de uma obrigação básica do banco. Assim como oferecer pacotes padronizados de serviços. Mas reconhece haver falta de transparência nesses pacotes padronizados, gerando problemas de preços.

Marrone mencionou pesquisa recente de Gesner de Oliveira - ex-presidente do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), atestando que existe competição no setor financeiro.

Pela sua explanação, Gesner foi mais realista que o rei. Marrone admite que competição deixa muito a desejar e o trabalho de Gesner não trouxe nenhuma ideia do que é necessário para melhorar o ambiente competitivo.

8 de ago. de 2012

Inferno na Síria

Acho que a Síria é o único país do mundo que tem uma população decrescente.
Todo dia está morrendo gente por conta dessa guerra estúpida.

Parece-me que a estratégia do governo e dos rebeldes não está funcionando nem para um nem para outro.
Enquanto isso, a comunidade internacional, especialmente a ONU, limita-se a se sentir aterrorizada. Rússia, China e Irã permacem, ao que parece, comodamente indiferentes aos massacres.

Seria melhor se o povo (rebeldes, manifestantes, seja lá como queiram chamá-los), tivesse um lampejo - ainda que assoprado por algum espírito iluminado - e adotasse a estratégia de Gandhi, praticando a desobediência civil e a não violência. Governo nenhum resiste à paralisação geral do seu povo.

Francamente! Paraguai, de novo


Essa do Franco dizer que "não fornecerá  energia barata aos vizinhos", especialmente Brasil  e Argentina, é mais uma criancice do que uma decisão séria.

Primeiro, o Brasil não paga barato pela energia, paga o combinado. E, pelo que sei, combinado é combinado, é o preço justo; pactuado entre partes maiores e capazes.

Como se não bastasse a fragilidade das instituições paraguaias, do processo político e jurídico, há agora o descumprimento sistemático de contratos... Assim Franco ofende não só o contrato, suas leis, tratados, convenções, mas a todo o seu povo que, por anuir com tal situação, passará a não ser confiável. É isso que ele quer para o seu país? Essa é a grande mudança "pra melhor" que ele tem para oferecer ao seu povo?

O curioso, é que ele espezinha Chavez e faz igualzinho: contratos não cumpridos,  insegurança jurídica, decisões inconsistentes...

Franco, Franco,  olha a Grécia onde foi parar...





 

31 de jul. de 2012

A mãe de toda corrupção


Luis Nassif

Deixo de lado, por um dia, a série sobre modelos de desenvolvimento, para falar de tema central, no combate à corrupção no país: o financiamento privado de campanha.

Nos próximos dias começará o julgamento do “mensalão” – o sistema de financiamento de campanha do PT e partidos aliados, denunciado por Roberto Jefferson. Não há provas de que tenha sido um pagamento mensal por compra de apoio. É mais o apoio financeiro às campanhas políticas de aliados. Mesmo assim, não deve ser minimizado, desde que se entenda que é algo que ocorre com todos os partidos e todas instâncias de poder.


"...o ponto central de corrupção – o financiamento privado de campanha – continua intocado."


O país avançou enormemente na luta contra a corrupção. Dispõe de um conjunto de organismos funcionando, como o TCU(Tribunal de Contas da União), a AGU (Advocacia Geral da União), o Ministério Público, a Polícia Federal. E, agora, a Lei de Transparência, obrigando todos os entes públicos a disponibilizarem suas informações na Internet. Mas o ponto central de corrupção – o financiamento privado de campanha – continua intocado. Por que ele tem essa importância? O primeiro círculo de controle da corrupção é do próprio partido. São políticos vigiando correligionários. Com o financiamento público de campanha e o Caixa 2, a contabilidade vai para o vinagre. É impossível controlar o que vai para o partido ou para o bolso dos que controlam as finanças partidárias.

O mesmo ocorre na administração pública. A sucessão de convênios firmados por Ministérios com ONGs aliadas é efeito direto desse modelo. Mas não apenas isso. Tome-se o responsável pela aprovação de plantas na Prefeitura de São Paulo. Durante anos e anos prevaricou. Para tanto, desobedecia as posturas municipais. Por que não foi denunciado por subordinados? Justamente por não saber se era iniciativa pessoal sua ou a mando do seu chefe, ou do chefe do chefe. Tudo isso devido ao financiamento privado de campanha.

Essa prática nefasta acabou legitimando (embora não legalizando) vários tipos de golpe em todas as instâncias administrativas, em todos os quadros partidários. Liquidou não apenas com a ética partidária mas com a própria democracia interna dos partidos. Na composição dos candidatos ao legislativo, tem preferência quem tem acesso a financiadores de campanha. E a conta será cobrada depois.

Os desdobramentos se dão não apenas no âmbito da política, mas do próprio crime organizado. A falta de regras faz com que pululem irregularidades em todos os cantos – desde meros problemas administrativos até escândalos graúdos.

Em parceria com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, por exemplo, a revista Veja montou uma verdadeira máquina de arapongagem em Brasilia, que servia não apenas para vender mais revista, criar mais intimidação, como para outros objetivos ainda não completamente esclarecidos. Em muitos casos, levantavam-se escândalos com o único propósito de afastar quadrilhas adversárias de Cachoeira.

As revelações de ontem – do portal G1, da Globo – de que a namorada de Cachoeira chantageou um juiz (dizendo que tinha encomendado um dossiê para Veja) é demonstração cabal de como a corrupção entrou em todos os poros da vida nacional.

28 de jul. de 2012

Aquecimento global: será?


Irineu Tolentino

Acho muito melhor a viagem do que a chegada. Não sei porque, mas gosto muito de estradas. Há alguma coisa de misteriosa nelas...

Buscar a verdade das coisas é uma viagem deliciosa, pena que muitos não gostem de "dirigir". Limitar-se a votar sim ou não em uma determinada teoria é coisa cômoda e reservada aos preguiçosos. Pensar não, este ato requer um pouco mais de sutileza que escapa à maioria das pessoas. Afirmo isso sem qualquer pudor, mas é a mais pura realidade. 

O texto abaixo, de Luiz Felipe Pondé, merece uma boa leitura e reflexão. Ainda que ele  esteja errado (confesso que não sei se está, já que tenho mais dúvidas que certezas), deu uma ótima contribuição para o despertar da reflexão.

Pondé é genial!

____

O Infiel 

Confesso: sou um infiel. Não no sentido de infidelidade amorosa, mas religiosa. Não creio no aquecimento global por causas antropogênicas (trocando em miúdos, não acho que nossos carros estejam aquecendo o planeta, e se o Sol fosse um Deus como uns pirados achavam que ele era, estaria rindo de nós e nossos ridículos celulares).

Leia mais...

27 de jul. de 2012

Uma nova forma de ver o Irã

Irineu Tolentino

O Irã não se resume no Ahmadinejad e nem na política belicista. Há intolerância e malucos por lá, como há em todo lugar; mas também há beleza, humanidade e sentimentos nobres, comuns aos homens de bem, independentemente de território e religião.

Para fugir um pouco da visão ocidentalizada e distorcida do país, o belíssimo filme "A cor do Paraíso" (disponível no link abaixo), mostra algo além de guerras e petróleo. Dá para assistir "on line". Vale a pena!

 

Há uma série de filmes iranianos muito boa. Um outro exemplo é o "The Children of Heaven". Não tenho o link para o filme completo, mas uma pesquisa na web o levará até ele.Veja o trailer abaixo:


25 de jul. de 2012

O renascimento das agências reguladoras


Luis Nassif

A suspensão das operadoras de celular pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) é o primeiro passo para a recuperação das funções das agências reguladoras.

Reformar a administração pública é tarefa hercúlea. Significa romper o emaranhado burocrático, criar um espírito de inovação, casar meritocracia com estabilidade. Mas melhorar as concessões públicas é mera questão de vontade política. Em cada concessão há um contrato a ser cumprido. O papel das agências reguladoras é fazer as concessionárias cumprirem a lei.

24 de jul. de 2012

A Troika da imprensa: Veja, Reinaldo Azevedo & José Serra


Fonte da Imagem: Brasil 247



Esse Reinaldo Azevedo (o blogueiro "oficial" da Revista Veja) é um cara muito ingênuo mesmo. Na recente associação com José Serra (que na verdade é platônica e antiga),  "pretende" estancar o financiamento de "blogs sujos". O cara se acha, né? Para ser coerente (se fosse), deveria começar varrendo a sua própria calçada, estancando o financiamento da revista Veja e do seu próprio blog, que é bem sujinho, diga-se de passagem.

O PSDB de José Serra, chegou até a anunciar que entraria com uma ação para impedir a publicidade oficial em alguns blogs, como os dos jornalistas Paulo Henrique Amorim e Luís Nassif.

Eu não sabia que Veja+Azevedo+Serra eram a troika da imprensa, o órgão responsável por moralizar e organizar a informação, a publicidade e a opinião pública. A Veja para "vender" alguns exemplares, está até dando alguns de graça. Se você assinar por um ano, receberá  mais 06 (seis) meses grátis. Se fosse coisa boa não precisaria dar, não é verdade?

Mas, quem  tem um pouquinho de juízo e senso crítico saberá muito bem se desviar dessa "coisa esquisita" orquestrada por esse trio atrapalhado: a Veja e o Azevedo não sabem o que dizem, e o Serra não sabe o que faz.

Aliás, Serra, se, por hipótese, você ganhar essa eleição para prefeito (que decaída, hein?) será que dessa vez você terminará o mandato?

23 de jul. de 2012

Imposto sobre grandes fortunas




Engraçado, já temos uma das maiores  cargas tributárias do mundo e o governo, "pretendendo equilibrar as coisas", fazendo com que ricos paguem mais, pensa logo em tributar as grandes fortunas.

Há nisso um divórcio entre o discurso e o objetivo. A base percentual é o que há de mais proporcional a que podemos chegar. Aliás, matematicamente, é o estado da arte da proporção. A mecânica desse cálculo, por si só, atende ao ideal de "quem pode mais, paga mais", que realmente é correto.

Blá blá blá  à parte, o governo pretende mesmo é aumentar a carga tributária e está tentando tirar de onde pode, o que constitui a mais pura e sórdida sacanagem tributária: é injusta, redundante e desnecessária.

Tudo bem, esse meu argumento não cola mesmo e é voto vencido, qualquer um sabe disso. Mas se o governo quisesse mesmo fazer ricos pagarem mais, de forma moral e tributariamente aceitável, por que, ao invés de aumentar a carga, não reduz a do pobre?  Se a intenção fosse nobre mesmo (coisa que não acredito), faria assim. Mas, ao que parece, a voracidade tributária está mesmo é camuflada sob um argumento incompatível com a idéia proposta. Tenho até a impressão de que, quando éramos colônia de Portugal, pagávamos menos...

Se a idéia passar, e isso é possível, no fim todo mundo vai pagar mais, até mesmo os mais pobres.

22 de jul. de 2012

Tecnologia & Cultura: a importância do vídeo-game



"Quem Não Joga Não Aprende"
 

 Por Marta Matui

No quesito videogame parei no Nintendo 64 (curiosamente o número do ano que nasci). Ou seja, só joguei videogame até a década de 90. Dessa maneira não cheguei ao Nintendo DS, este só comprei para meus filhos. Jogar mesmo, nunca.


"Quem desdenha a tecnologia fica analfabeto e perde grandes experiências"


Eu adorava videogame mas perdi o bonde, envelheci, não consegui acompanhar as evoluções. E me danei hoje por isso. O audiophone 3D Interativo do Louvre é um Nintendo DS. Ele te localiza, fala sobre as obras ao seu redor, mostra algumas esculturas em 3D (A Vitória de Samotrácia, você vê do ângulo que quiser), funciona como GPS e te leva ao destino que quiser. Um guia mesmo, na melhor definição da palavra. Mas para isso tem que saber os botões, tem que saber os comandos. Meu filho já sabia o que tinha nas salas ao redor antes de chegar. Já escolhia para onde queria ir. Eu mal e mal conseguia ficar diante de uma obra, apertar todos os botões até o negócio começar a falar alguma coisa.

A tecnologia começa como diversão mas depois vira sobrevivência. Quem desdenha a tecnologia fica analfabeto e perde grandes experiências.

O Guia Interativo do Louvre é muito melhor do que aquelas velhas gritando para um grupo de turistas. Enquanto caminhamos ele vai dando informações até sobre coisas que ocorreram nas salas. Passamos por uma que hoje abriga arte do Irã mas na Segunda Guerra estocou caixas e caixas de espólios nazistas. Obras de arte de famílias judias francesas que tiveram seus acervos confiscados. E fiquei sabendo que os nazistas desprezavam os Impressionistas, não queriam, e não podiam, levar obras dessa escola para a Alemanha. Estocavam porque sabiam ter valor mas não aceitavam como arte. Vai entender.

17 de jul. de 2012

O Ciúme e o Crime

 
Por Luiza Eluf*

O ciúme nasce com o ser humano. Irmãos lutam entre si pelas atenções dos pais, crianças têm apego possessivo pelos brinquedos. No entanto, além das tendências inatas, padrões culturais centenários insuflam o sentimento de posse, de domínio do outro nas relações afetivas e sexuais.

Ao contrário do que disse Vinícius de Moraes, o ciúme não é o perfume do amor, e pode ser sua desgraça. Impossível estabelecer uma relação gratificante quando as perseguições e as cobranças são a tônica da vida a dois. A exclusividade entre parceiros não deveria merecer tanta prioridade. A supervalorização da fidelidade é um erro, é a maior causa de infelicidade conjugal. Não que se deva ignorar a importância de um parceiro fiel e dedicado, mas a obsessão pela exclusividade pode tornar a vida um inferno e levar à prática de violência doméstica. O crime passional nada mais é do que o homicídio praticado por ciúme.


"Se conseguirmos lidar melhor com nosso egoísmo, o fim do amor será sempre resolvido
nas Varas da Família, 
e não no Tribunal do Júri"


O que caracteriza a passionalidade é o motivo do crime. Nosso Código Penal qualifica o homicídio, aumentando-lhe a pena, quando praticado por motivo torpe. E o ódio gerado pelo ciúme, a sede de vingança que atormenta  a pessoa que foi troca da por outra configuram a torpeza. O móvel do crime é uma combinação de egoísmo, de amor próprio ferido, de instinto sexual e, acima de tudo, de uma compreensão deformada da justiça, pois o homicida acha que está no seu “direito”. A pena prevista no Código Penal é de 12 a 30 anos de reclusão. Quanto mais estreita a mentalidade do agente, maior sua insegurança, sua necessidade de dominar e de se autoafirmar às custas da companheira ou companheiro.
 
O homicídio entre casais é uma aberração que durante séculos foi avalizada pela sociedade, principalmente quando o autor era homem e a vítima, apontada como traidora, era mulher. Foi assim que morreram Ângela Diniz, Eliane de Gramont, Sandra Gomide e muitas outras.

O caso Matsunaga, ocorrido recentemente em São Paulo, configura uma exceção à regra do crime passional. Na esmagadora maioria das vezes, quem mata é o homem; a mulher é a vítima do marido e da sociedade patriarcal. A dimensão da tragédia transcende o casal. No geral, há  filhos que ficam órfãos, pais e mães que definham no desespero de perdas irreparáveis, futuras gerações que são obrigadas a suportar o estigma do assassinato em família.

Está na hora de corrigir padrões de comportamento que contrariam a natureza humana e por isso não são respeitados. A natureza não ditou a fidelidade eterna. A exclusividade entre parceiros existe, mas em geral é temporária. Além disso, o ciúme é um mal a ser extirpado, não incentivado como se costuma fazer. Não se pode cultivar sentimento de posse e propriedade sobre um ser humano.

Leon Rabinoviz, em 1933, externava sua perplexidade diante do crime passional observando ser “curioso sentimento o que nos leva a destruir o objeto de nossa paixão! Mas não devemos extasiar-nos perante o fato; é, antes, preferível deplorá-lo”. O instinto de destruição é exatamente o instinto de posse exacerbado, porque a propriedade completa compreende, também, o poder de matar.

O ciúme incomoda, fere, humilha quem o sente. No dizer de  Roland Barthes, “como ciumento sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo em sê-lo, porque temo que meu ciúme magoe o outro, porque me deixo dominar por uma banalidade. Sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum”.

O sueco Stieg Larsson, autor da trilogia Millennium, criou em sua obra personagens envolvidos em tramas intrincadas e fascinantes. Extremamente moderno e arrojado, ele construiu relações amorosas baseadas na liberdade individual, mostrando as variadas possibilidades de ser feliz no amor sem as amarras da exclusividade e da mentira. Se conseguirmos lidar melhor com nosso egoísmo, o fim do amor será sempre resolvido nas Varas da Família, e não no Tribunal do Júri.

* Luiza Nagib Eluf é Procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo. É autora de sete livros, dentre os quais “A paixão no banco dos réus”, sobre crimes passionais.

Rosane + Globo x Collor = ?




A "entrevista" da Rosane Collor exibida pelo Fantástico foi tão patética quanto a da Xuxa.

O mérito do Caso Collor não interessa mais, são águas passadas. Ele já foi investigado de cabo a rabo, sentenciado, condenado, execrado e acabou por retornar ao poder. Não tenho nada contra, nem a favor sobre esse retorno. Foi o povo que decidiu assim e é preferível os defeitos da democracia que a "perfeição" da Ditadura. Até porque, institucionalmente, há que se considerar que não existe pena perpétua. Portanto, esse assunto, para mim, já foi...

E qual a razão da entrevista então? Vinte anos depois a Rosane vem a público dizer o que sabe e acha que está fazendo a coisa certa? Ela não está um pouquinho atrasada não? Se ela sabia de tudo e abre a boca apenas depois da prescrição, no mínimo é condescendência criminosa. Parece-me que ninguém está limpo nessa história.
 
O pior é  a Globo colocar o Tadeu Schmidt e a Renata Ceribelli, duas pessoas que gosto muito, para coadjuvarem com a Rosane. Tudo me pareceu uma peça de teatro onde o que foi dito não tem qualquer utilidade. Mais importante é o que está nas entrelinhas, permeado camufladamente nesse balé de manipulação obtusa.

E o "show da vida"  tratou de tudo: de magia negra às cantadas que a Rosane recebeu nos corredores do poder, como se isso tivesse alguma importância. Por um instante a Globo se comportou como o Edir Macedo e a Rosane como Chapeuzinho vermelho diante do lobo mau.

O que será que a Globo tem para nos dizer e não nos diz?

16 de jul. de 2012

Sobre o fim do BRICS


Irineu Tolentino

Quando arrisquei-me a sustentar o fim do BRICS aqui no Em Tese, não foi ao acaso. Trata-se de uma constatação ictu oculi de que o mundo refluiu economicamente de maneira generalizada, criando potenciais de investimentos imensos em várias economias maduras, especialmente na Europa e EUA.

Cediço que em tais mercados o potencial de ganhos será muito menor do que nas economias em desenvolvimento, que abrem um leque maior  de opções. Porém, com democracia forte e funcionalidade das instituições públicas mais previsíveis, será natural a atratibilidade delas em relação aos investimentos no pós-crise. É que, diante do quadro hoje desenhado - e no qual pauto minha humilde análise - não me parece  que os grandes players globais trocarão o "certo" pelo "duvisoso".

O BRICS (que aqui rotulo de duvidoso por obra da conjuntura atual) desenvolver-se-á a reboque das economias principais. É óbvio que em economia  tudo é duvidoso, mas, também o é, que o capital é atraído primeiro pelas águas mais tranquilas.

Os países integrante do BRICS, não perderão o bonde do desenvolvimento econômico para sempre, mas, segundo o meu juízo, comportar-se-ão como os  chamados "micos da bolsa", ficando relegados a uma fase posterior. É nesse sentido que suponho o "fim" desse bloco: ele não será mais a locomotiva, apenas mais um vagão da economia.

O fator tempo na economia


Luis Nassif

Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland tem razão em afirmar que, agora, está se plantando o crescimento para 2013.

Um dos problemas mais intrigantes na análise econômica é entender a economia como uma realidade complexa - isto é, com muitos autores se influenciando mutuamente - na qual uma determinante fundamental é um personagem central chamado de Sr. Tempo.


"O que ocorre nesse primeiro período é atípico. Atendido o atraso, o mercado estará em um patamar mais alto, mas 
seu crescimento voltará a padrões normais."


Vamos conferir alguns exemplos de como o Sr. Tempo age, até para entender alguns problemas atuais da economia brasileira:

O impacto da inflexão nas vendas sobre a produção:

No setor A as vendas são de 100, os estoques de dois meses, são de 200.

Em fase de equilíbrio, o comerciante repõe mensalmente o que vendeu.Aí as vendas caem para 90. Ele precisa reduzir seus estoques para 180 (2x). Com isso sua reposição cai para 70 naquele mês (10 de redução de vendas, 20 de redução de estoques). Para cada 10 de queda na venda, as novas encomendas caem 30. O mesmo vale em fases de recuperação da economia. Se as vendas subirem de 70 para 80, a reposição será de 30 (10 do aumento de vendas, 20 de aumento de estoques).

O impacto de um crescimento menor sobre os investimentos:

Vamos conferir o que pode estar ocorrendo com a cadeia produtiva da construção civil. O setor tinha capacidade de produzir 100. O fornecedor de tijolos produzia 100, o de aço 100, o caminhoneiro que transportava a produção dava conta dos100 e assim por diante.Aí o setor começa a crescer, digamos, a 20%. Para não perder o bonde, no momento 4, todos precisam estar correndo a 173. Então toca comprar mais máquinas, caminhões, tornos etc. para preparar a produção para atender à demanda futura.

De repente, o crescimento cai para10% ao período. No 4o período, em lugar de 173, a produção efetiva estará em 159. Portanto, haverá uma capacidade excedente de 14, que não tem como se remunerar. Se estendermos para cinco momentos, a capacidade instalada estará em 207 e a produção em 174. Portanto a capacidade ociosa pulará para 33.

Ocorre que as empresas tomaram financiamento, compraram equipamento calculando que estariam vendendo 207. Com a queda do crescimento, mesmo crescendo, muitas delas se inviabilizaram. Com capacidade ociosa, deixam de adquirir novas máquinas, afetando o setor de máquinas e equipamentos. E assim por diante.

O mercado de consumo:

Há o acesso de novos consumidores ao mercado de consumo. Abrem-se as portas do crédito, depois de muitos anos fechada. No primeiro movimento há enorme salto de demanda reprimida. As vendas crescem mês a mês até que o atraso seja atendido.

O que ocorre nesse primeiro período é atípico. Atendido o atraso, o mercado estará em um patamar mais alto, mas seu crescimento voltará a padrões normais.

O efeito-defasagem funcionará a favor nos seguintes pontos:

Combinação de juros baixos e câmbio mais competitivo. Os efeitos sobre exportações aparecerão na plenitude no próximo ano:
  1. Safra agrícola robusta.
  2. Destravamento do investimento público.
  3. Aceleração das concessões