31 de jul. de 2012

A mãe de toda corrupção


Luis Nassif

Deixo de lado, por um dia, a série sobre modelos de desenvolvimento, para falar de tema central, no combate à corrupção no país: o financiamento privado de campanha.

Nos próximos dias começará o julgamento do “mensalão” – o sistema de financiamento de campanha do PT e partidos aliados, denunciado por Roberto Jefferson. Não há provas de que tenha sido um pagamento mensal por compra de apoio. É mais o apoio financeiro às campanhas políticas de aliados. Mesmo assim, não deve ser minimizado, desde que se entenda que é algo que ocorre com todos os partidos e todas instâncias de poder.


"...o ponto central de corrupção – o financiamento privado de campanha – continua intocado."


O país avançou enormemente na luta contra a corrupção. Dispõe de um conjunto de organismos funcionando, como o TCU(Tribunal de Contas da União), a AGU (Advocacia Geral da União), o Ministério Público, a Polícia Federal. E, agora, a Lei de Transparência, obrigando todos os entes públicos a disponibilizarem suas informações na Internet. Mas o ponto central de corrupção – o financiamento privado de campanha – continua intocado. Por que ele tem essa importância? O primeiro círculo de controle da corrupção é do próprio partido. São políticos vigiando correligionários. Com o financiamento público de campanha e o Caixa 2, a contabilidade vai para o vinagre. É impossível controlar o que vai para o partido ou para o bolso dos que controlam as finanças partidárias.

O mesmo ocorre na administração pública. A sucessão de convênios firmados por Ministérios com ONGs aliadas é efeito direto desse modelo. Mas não apenas isso. Tome-se o responsável pela aprovação de plantas na Prefeitura de São Paulo. Durante anos e anos prevaricou. Para tanto, desobedecia as posturas municipais. Por que não foi denunciado por subordinados? Justamente por não saber se era iniciativa pessoal sua ou a mando do seu chefe, ou do chefe do chefe. Tudo isso devido ao financiamento privado de campanha.

Essa prática nefasta acabou legitimando (embora não legalizando) vários tipos de golpe em todas as instâncias administrativas, em todos os quadros partidários. Liquidou não apenas com a ética partidária mas com a própria democracia interna dos partidos. Na composição dos candidatos ao legislativo, tem preferência quem tem acesso a financiadores de campanha. E a conta será cobrada depois.

Os desdobramentos se dão não apenas no âmbito da política, mas do próprio crime organizado. A falta de regras faz com que pululem irregularidades em todos os cantos – desde meros problemas administrativos até escândalos graúdos.

Em parceria com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, por exemplo, a revista Veja montou uma verdadeira máquina de arapongagem em Brasilia, que servia não apenas para vender mais revista, criar mais intimidação, como para outros objetivos ainda não completamente esclarecidos. Em muitos casos, levantavam-se escândalos com o único propósito de afastar quadrilhas adversárias de Cachoeira.

As revelações de ontem – do portal G1, da Globo – de que a namorada de Cachoeira chantageou um juiz (dizendo que tinha encomendado um dossiê para Veja) é demonstração cabal de como a corrupção entrou em todos os poros da vida nacional.

28 de jul. de 2012

Aquecimento global: será?


Irineu Tolentino

Acho muito melhor a viagem do que a chegada. Não sei porque, mas gosto muito de estradas. Há alguma coisa de misteriosa nelas...

Buscar a verdade das coisas é uma viagem deliciosa, pena que muitos não gostem de "dirigir". Limitar-se a votar sim ou não em uma determinada teoria é coisa cômoda e reservada aos preguiçosos. Pensar não, este ato requer um pouco mais de sutileza que escapa à maioria das pessoas. Afirmo isso sem qualquer pudor, mas é a mais pura realidade. 

O texto abaixo, de Luiz Felipe Pondé, merece uma boa leitura e reflexão. Ainda que ele  esteja errado (confesso que não sei se está, já que tenho mais dúvidas que certezas), deu uma ótima contribuição para o despertar da reflexão.

Pondé é genial!

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O Infiel 

Confesso: sou um infiel. Não no sentido de infidelidade amorosa, mas religiosa. Não creio no aquecimento global por causas antropogênicas (trocando em miúdos, não acho que nossos carros estejam aquecendo o planeta, e se o Sol fosse um Deus como uns pirados achavam que ele era, estaria rindo de nós e nossos ridículos celulares).

Leia mais...

27 de jul. de 2012

Uma nova forma de ver o Irã

Irineu Tolentino

O Irã não se resume no Ahmadinejad e nem na política belicista. Há intolerância e malucos por lá, como há em todo lugar; mas também há beleza, humanidade e sentimentos nobres, comuns aos homens de bem, independentemente de território e religião.

Para fugir um pouco da visão ocidentalizada e distorcida do país, o belíssimo filme "A cor do Paraíso" (disponível no link abaixo), mostra algo além de guerras e petróleo. Dá para assistir "on line". Vale a pena!

 

Há uma série de filmes iranianos muito boa. Um outro exemplo é o "The Children of Heaven". Não tenho o link para o filme completo, mas uma pesquisa na web o levará até ele.Veja o trailer abaixo:


25 de jul. de 2012

O renascimento das agências reguladoras


Luis Nassif

A suspensão das operadoras de celular pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) é o primeiro passo para a recuperação das funções das agências reguladoras.

Reformar a administração pública é tarefa hercúlea. Significa romper o emaranhado burocrático, criar um espírito de inovação, casar meritocracia com estabilidade. Mas melhorar as concessões públicas é mera questão de vontade política. Em cada concessão há um contrato a ser cumprido. O papel das agências reguladoras é fazer as concessionárias cumprirem a lei.

24 de jul. de 2012

A Troika da imprensa: Veja, Reinaldo Azevedo & José Serra


Fonte da Imagem: Brasil 247



Esse Reinaldo Azevedo (o blogueiro "oficial" da Revista Veja) é um cara muito ingênuo mesmo. Na recente associação com José Serra (que na verdade é platônica e antiga),  "pretende" estancar o financiamento de "blogs sujos". O cara se acha, né? Para ser coerente (se fosse), deveria começar varrendo a sua própria calçada, estancando o financiamento da revista Veja e do seu próprio blog, que é bem sujinho, diga-se de passagem.

O PSDB de José Serra, chegou até a anunciar que entraria com uma ação para impedir a publicidade oficial em alguns blogs, como os dos jornalistas Paulo Henrique Amorim e Luís Nassif.

Eu não sabia que Veja+Azevedo+Serra eram a troika da imprensa, o órgão responsável por moralizar e organizar a informação, a publicidade e a opinião pública. A Veja para "vender" alguns exemplares, está até dando alguns de graça. Se você assinar por um ano, receberá  mais 06 (seis) meses grátis. Se fosse coisa boa não precisaria dar, não é verdade?

Mas, quem  tem um pouquinho de juízo e senso crítico saberá muito bem se desviar dessa "coisa esquisita" orquestrada por esse trio atrapalhado: a Veja e o Azevedo não sabem o que dizem, e o Serra não sabe o que faz.

Aliás, Serra, se, por hipótese, você ganhar essa eleição para prefeito (que decaída, hein?) será que dessa vez você terminará o mandato?

23 de jul. de 2012

Imposto sobre grandes fortunas




Engraçado, já temos uma das maiores  cargas tributárias do mundo e o governo, "pretendendo equilibrar as coisas", fazendo com que ricos paguem mais, pensa logo em tributar as grandes fortunas.

Há nisso um divórcio entre o discurso e o objetivo. A base percentual é o que há de mais proporcional a que podemos chegar. Aliás, matematicamente, é o estado da arte da proporção. A mecânica desse cálculo, por si só, atende ao ideal de "quem pode mais, paga mais", que realmente é correto.

Blá blá blá  à parte, o governo pretende mesmo é aumentar a carga tributária e está tentando tirar de onde pode, o que constitui a mais pura e sórdida sacanagem tributária: é injusta, redundante e desnecessária.

Tudo bem, esse meu argumento não cola mesmo e é voto vencido, qualquer um sabe disso. Mas se o governo quisesse mesmo fazer ricos pagarem mais, de forma moral e tributariamente aceitável, por que, ao invés de aumentar a carga, não reduz a do pobre?  Se a intenção fosse nobre mesmo (coisa que não acredito), faria assim. Mas, ao que parece, a voracidade tributária está mesmo é camuflada sob um argumento incompatível com a idéia proposta. Tenho até a impressão de que, quando éramos colônia de Portugal, pagávamos menos...

Se a idéia passar, e isso é possível, no fim todo mundo vai pagar mais, até mesmo os mais pobres.

22 de jul. de 2012

Tecnologia & Cultura: a importância do vídeo-game



"Quem Não Joga Não Aprende"
 

 Por Marta Matui

No quesito videogame parei no Nintendo 64 (curiosamente o número do ano que nasci). Ou seja, só joguei videogame até a década de 90. Dessa maneira não cheguei ao Nintendo DS, este só comprei para meus filhos. Jogar mesmo, nunca.


"Quem desdenha a tecnologia fica analfabeto e perde grandes experiências"


Eu adorava videogame mas perdi o bonde, envelheci, não consegui acompanhar as evoluções. E me danei hoje por isso. O audiophone 3D Interativo do Louvre é um Nintendo DS. Ele te localiza, fala sobre as obras ao seu redor, mostra algumas esculturas em 3D (A Vitória de Samotrácia, você vê do ângulo que quiser), funciona como GPS e te leva ao destino que quiser. Um guia mesmo, na melhor definição da palavra. Mas para isso tem que saber os botões, tem que saber os comandos. Meu filho já sabia o que tinha nas salas ao redor antes de chegar. Já escolhia para onde queria ir. Eu mal e mal conseguia ficar diante de uma obra, apertar todos os botões até o negócio começar a falar alguma coisa.

A tecnologia começa como diversão mas depois vira sobrevivência. Quem desdenha a tecnologia fica analfabeto e perde grandes experiências.

O Guia Interativo do Louvre é muito melhor do que aquelas velhas gritando para um grupo de turistas. Enquanto caminhamos ele vai dando informações até sobre coisas que ocorreram nas salas. Passamos por uma que hoje abriga arte do Irã mas na Segunda Guerra estocou caixas e caixas de espólios nazistas. Obras de arte de famílias judias francesas que tiveram seus acervos confiscados. E fiquei sabendo que os nazistas desprezavam os Impressionistas, não queriam, e não podiam, levar obras dessa escola para a Alemanha. Estocavam porque sabiam ter valor mas não aceitavam como arte. Vai entender.

17 de jul. de 2012

O Ciúme e o Crime

 
Por Luiza Eluf*

O ciúme nasce com o ser humano. Irmãos lutam entre si pelas atenções dos pais, crianças têm apego possessivo pelos brinquedos. No entanto, além das tendências inatas, padrões culturais centenários insuflam o sentimento de posse, de domínio do outro nas relações afetivas e sexuais.

Ao contrário do que disse Vinícius de Moraes, o ciúme não é o perfume do amor, e pode ser sua desgraça. Impossível estabelecer uma relação gratificante quando as perseguições e as cobranças são a tônica da vida a dois. A exclusividade entre parceiros não deveria merecer tanta prioridade. A supervalorização da fidelidade é um erro, é a maior causa de infelicidade conjugal. Não que se deva ignorar a importância de um parceiro fiel e dedicado, mas a obsessão pela exclusividade pode tornar a vida um inferno e levar à prática de violência doméstica. O crime passional nada mais é do que o homicídio praticado por ciúme.


"Se conseguirmos lidar melhor com nosso egoísmo, o fim do amor será sempre resolvido
nas Varas da Família, 
e não no Tribunal do Júri"


O que caracteriza a passionalidade é o motivo do crime. Nosso Código Penal qualifica o homicídio, aumentando-lhe a pena, quando praticado por motivo torpe. E o ódio gerado pelo ciúme, a sede de vingança que atormenta  a pessoa que foi troca da por outra configuram a torpeza. O móvel do crime é uma combinação de egoísmo, de amor próprio ferido, de instinto sexual e, acima de tudo, de uma compreensão deformada da justiça, pois o homicida acha que está no seu “direito”. A pena prevista no Código Penal é de 12 a 30 anos de reclusão. Quanto mais estreita a mentalidade do agente, maior sua insegurança, sua necessidade de dominar e de se autoafirmar às custas da companheira ou companheiro.
 
O homicídio entre casais é uma aberração que durante séculos foi avalizada pela sociedade, principalmente quando o autor era homem e a vítima, apontada como traidora, era mulher. Foi assim que morreram Ângela Diniz, Eliane de Gramont, Sandra Gomide e muitas outras.

O caso Matsunaga, ocorrido recentemente em São Paulo, configura uma exceção à regra do crime passional. Na esmagadora maioria das vezes, quem mata é o homem; a mulher é a vítima do marido e da sociedade patriarcal. A dimensão da tragédia transcende o casal. No geral, há  filhos que ficam órfãos, pais e mães que definham no desespero de perdas irreparáveis, futuras gerações que são obrigadas a suportar o estigma do assassinato em família.

Está na hora de corrigir padrões de comportamento que contrariam a natureza humana e por isso não são respeitados. A natureza não ditou a fidelidade eterna. A exclusividade entre parceiros existe, mas em geral é temporária. Além disso, o ciúme é um mal a ser extirpado, não incentivado como se costuma fazer. Não se pode cultivar sentimento de posse e propriedade sobre um ser humano.

Leon Rabinoviz, em 1933, externava sua perplexidade diante do crime passional observando ser “curioso sentimento o que nos leva a destruir o objeto de nossa paixão! Mas não devemos extasiar-nos perante o fato; é, antes, preferível deplorá-lo”. O instinto de destruição é exatamente o instinto de posse exacerbado, porque a propriedade completa compreende, também, o poder de matar.

O ciúme incomoda, fere, humilha quem o sente. No dizer de  Roland Barthes, “como ciumento sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo em sê-lo, porque temo que meu ciúme magoe o outro, porque me deixo dominar por uma banalidade. Sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum”.

O sueco Stieg Larsson, autor da trilogia Millennium, criou em sua obra personagens envolvidos em tramas intrincadas e fascinantes. Extremamente moderno e arrojado, ele construiu relações amorosas baseadas na liberdade individual, mostrando as variadas possibilidades de ser feliz no amor sem as amarras da exclusividade e da mentira. Se conseguirmos lidar melhor com nosso egoísmo, o fim do amor será sempre resolvido nas Varas da Família, e não no Tribunal do Júri.

* Luiza Nagib Eluf é Procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo. É autora de sete livros, dentre os quais “A paixão no banco dos réus”, sobre crimes passionais.

Rosane + Globo x Collor = ?




A "entrevista" da Rosane Collor exibida pelo Fantástico foi tão patética quanto a da Xuxa.

O mérito do Caso Collor não interessa mais, são águas passadas. Ele já foi investigado de cabo a rabo, sentenciado, condenado, execrado e acabou por retornar ao poder. Não tenho nada contra, nem a favor sobre esse retorno. Foi o povo que decidiu assim e é preferível os defeitos da democracia que a "perfeição" da Ditadura. Até porque, institucionalmente, há que se considerar que não existe pena perpétua. Portanto, esse assunto, para mim, já foi...

E qual a razão da entrevista então? Vinte anos depois a Rosane vem a público dizer o que sabe e acha que está fazendo a coisa certa? Ela não está um pouquinho atrasada não? Se ela sabia de tudo e abre a boca apenas depois da prescrição, no mínimo é condescendência criminosa. Parece-me que ninguém está limpo nessa história.
 
O pior é  a Globo colocar o Tadeu Schmidt e a Renata Ceribelli, duas pessoas que gosto muito, para coadjuvarem com a Rosane. Tudo me pareceu uma peça de teatro onde o que foi dito não tem qualquer utilidade. Mais importante é o que está nas entrelinhas, permeado camufladamente nesse balé de manipulação obtusa.

E o "show da vida"  tratou de tudo: de magia negra às cantadas que a Rosane recebeu nos corredores do poder, como se isso tivesse alguma importância. Por um instante a Globo se comportou como o Edir Macedo e a Rosane como Chapeuzinho vermelho diante do lobo mau.

O que será que a Globo tem para nos dizer e não nos diz?

16 de jul. de 2012

Sobre o fim do BRICS


Irineu Tolentino

Quando arrisquei-me a sustentar o fim do BRICS aqui no Em Tese, não foi ao acaso. Trata-se de uma constatação ictu oculi de que o mundo refluiu economicamente de maneira generalizada, criando potenciais de investimentos imensos em várias economias maduras, especialmente na Europa e EUA.

Cediço que em tais mercados o potencial de ganhos será muito menor do que nas economias em desenvolvimento, que abrem um leque maior  de opções. Porém, com democracia forte e funcionalidade das instituições públicas mais previsíveis, será natural a atratibilidade delas em relação aos investimentos no pós-crise. É que, diante do quadro hoje desenhado - e no qual pauto minha humilde análise - não me parece  que os grandes players globais trocarão o "certo" pelo "duvisoso".

O BRICS (que aqui rotulo de duvidoso por obra da conjuntura atual) desenvolver-se-á a reboque das economias principais. É óbvio que em economia  tudo é duvidoso, mas, também o é, que o capital é atraído primeiro pelas águas mais tranquilas.

Os países integrante do BRICS, não perderão o bonde do desenvolvimento econômico para sempre, mas, segundo o meu juízo, comportar-se-ão como os  chamados "micos da bolsa", ficando relegados a uma fase posterior. É nesse sentido que suponho o "fim" desse bloco: ele não será mais a locomotiva, apenas mais um vagão da economia.

O fator tempo na economia


Luis Nassif

Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland tem razão em afirmar que, agora, está se plantando o crescimento para 2013.

Um dos problemas mais intrigantes na análise econômica é entender a economia como uma realidade complexa - isto é, com muitos autores se influenciando mutuamente - na qual uma determinante fundamental é um personagem central chamado de Sr. Tempo.


"O que ocorre nesse primeiro período é atípico. Atendido o atraso, o mercado estará em um patamar mais alto, mas 
seu crescimento voltará a padrões normais."


Vamos conferir alguns exemplos de como o Sr. Tempo age, até para entender alguns problemas atuais da economia brasileira:

O impacto da inflexão nas vendas sobre a produção:

No setor A as vendas são de 100, os estoques de dois meses, são de 200.

Em fase de equilíbrio, o comerciante repõe mensalmente o que vendeu.Aí as vendas caem para 90. Ele precisa reduzir seus estoques para 180 (2x). Com isso sua reposição cai para 70 naquele mês (10 de redução de vendas, 20 de redução de estoques). Para cada 10 de queda na venda, as novas encomendas caem 30. O mesmo vale em fases de recuperação da economia. Se as vendas subirem de 70 para 80, a reposição será de 30 (10 do aumento de vendas, 20 de aumento de estoques).

O impacto de um crescimento menor sobre os investimentos:

Vamos conferir o que pode estar ocorrendo com a cadeia produtiva da construção civil. O setor tinha capacidade de produzir 100. O fornecedor de tijolos produzia 100, o de aço 100, o caminhoneiro que transportava a produção dava conta dos100 e assim por diante.Aí o setor começa a crescer, digamos, a 20%. Para não perder o bonde, no momento 4, todos precisam estar correndo a 173. Então toca comprar mais máquinas, caminhões, tornos etc. para preparar a produção para atender à demanda futura.

De repente, o crescimento cai para10% ao período. No 4o período, em lugar de 173, a produção efetiva estará em 159. Portanto, haverá uma capacidade excedente de 14, que não tem como se remunerar. Se estendermos para cinco momentos, a capacidade instalada estará em 207 e a produção em 174. Portanto a capacidade ociosa pulará para 33.

Ocorre que as empresas tomaram financiamento, compraram equipamento calculando que estariam vendendo 207. Com a queda do crescimento, mesmo crescendo, muitas delas se inviabilizaram. Com capacidade ociosa, deixam de adquirir novas máquinas, afetando o setor de máquinas e equipamentos. E assim por diante.

O mercado de consumo:

Há o acesso de novos consumidores ao mercado de consumo. Abrem-se as portas do crédito, depois de muitos anos fechada. No primeiro movimento há enorme salto de demanda reprimida. As vendas crescem mês a mês até que o atraso seja atendido.

O que ocorre nesse primeiro período é atípico. Atendido o atraso, o mercado estará em um patamar mais alto, mas seu crescimento voltará a padrões normais.

O efeito-defasagem funcionará a favor nos seguintes pontos:

Combinação de juros baixos e câmbio mais competitivo. Os efeitos sobre exportações aparecerão na plenitude no próximo ano:
  1. Safra agrícola robusta.
  2. Destravamento do investimento público.
  3. Aceleração das concessões

15 de jul. de 2012

Thor Batista: Espermatozóide x Dinheiro



Geração Picolé

Por Marta Matui

Essa notícia de que Thor Batista fez vasectomia e congelou seu semên dá margem a muitas considerações. Faz ele muito bem em se proteger de aproveitadoras que engravidam de homens ricos para se arrumar na vida.

Os jogadores de futebol todos deviam fazer o mesmo. Mas por outro lado, se Eike tivesse feito isso o próprio Thor não teria nascido.

Se bem me lembro Luma engravidou de Eike e só depois se casaram. Ela se casou grávida de Thor, vestido de noiva e barriguinha. E contra a vontade do pai de Eike. Thor parece ser um filho mais obediente. Mas me faz também lembrar a história de um amigo, médico que na época fazia plantão e recebeu uma mulher em estado gravíssimo. Ela estava com gravidez tubária e precisava ser operada com urgência. O marido não autorizou a cirurgia. Ele era vasectomizado e a mulher não tinha nada que estar grávida. Bom, a cirurgia foi feita sem autorização mesmo e a mulher foi salva. Mais tarde mostraram a ele: sua vasectomia tinha ramificado.

O corpo humano é muito louco e com alguns acontece. Fazem a vesectomia mas o canalzinho cresce pro lado e gruda la na frente de novo, se regenera. E continua mandando espermatozoides para a labuta sem que o vasectomizado se de conta. E pode assim condenar mulheres a morte, caso o marido seja um machão desclassificado.

Homens e mulheres tem cada vez mais congelado esperma e óvulos para controlar melhor essa coisa do momento de ter filhos. Acho inteligente. É de uma frieza enorme mas é correto. Quem faz parece que não se arrepende.

13 de jul. de 2012

O fim do BRICS


Irineu Tolentino

Apesar da redução histórica de juros na China ela apresentou uma queda no PIB que preocupou o mundo. É preciso esclarecer que essa redução de juros ainda não está contabilizada nesse PIB, pois não deu tempo dela refletir positivamente na economia. O próximo cálculo será "menos  preocupante". Mas, não podemos esquecer, a trajetória ainda é de queda.

Apesar disso, a presidente Dilma, vendo também a redução do PIB brasileiro (não obstante a redução sistemática dos juros e facilitação do crédito), antecipou-se e declarou que não é com o PIB que se mede uma nação. Tudo bem, concordo, mas também não se deve ignorar a sua queda, né?


"É preciso que os brasileiros fiquem atentos, 
cortem custos, evitem despesas, financiamentos de longo prazo, compras de supérfluos e fortaleçam suas reservas, pois as notícias que virão daqui para a frente não serão nada boas"


O fato é que, ao menos por ora, acabou a fase de crescimento. Esse negócio de PIIGS e BRICS também já era. O mundo hoje é um só, a economia está globalizada e todo mundo está mal das pernas. Acho até curioso que alguns analistas, e parte da imprensa brasileira, coloquem um zoom no Brasil criticando empresários ou o próprio governo pela queda do nosso PIB (apelidado dias atrás de "PIBinho"). Definitivamente, isso não é um problema exclusivo do Brasil, é global. E até que estamos resistindo bem. Não sentimos ainda os efeitos integrais do arrefecimento mundo afora, mas eles estão chegando.

É preciso que os brasileiros fiquem atentos, cortem custos, evitem despesas, financiamentos de longo prazo, compras de supérfluos e fortaleçam suas reservas, pois as notícias que virão daqui para a frente não serão nada boas.

"- Mas Irineu, se pararmos de consumir a crise será pior". Sim, será, mas como não podemos salvar o mundo (notem que a "poderosa" Europa não conseguiu salvar nem a Grécia), temos que tentar ao menos nos salvar. Isso ajudará o governo, pois serão menos bocas para se servirem dos programas sociais.

Quanto a essas notícias de que "agora é um bom momento para comprar imóveis, pois as taxas de juros estão baixando", esqueça! Não é um bom momento. Apesar dos juros "baixos" (não estão para a conjuntura atual), os preços dos imóveis estão muito acima do valor justo. Há sim uma bolha imobiliária no Brasil. Quem financiar imóveis agora está se metendo numa dívida de longo prazo e pagará um valor bem maior do que aquilo que vale. Com a agudização da crise, haverá queda nos preços e o saldo devedor tornará o imóvel financiado um "mico".

"- Ah, mas eu preciso morar em algum lugar. O que faço?". Se não puder evitar, se realmente precisar, pesquise, negocie, pechinche e pague o preço. Mas, se puder, evite. Comprar imóveis para investir, nem pensar cara pálida!

"- Posso trocar de carro?". Você não está me entendendo? A coisa vai ficar muito feia, o desemprego irá aumentar, os preços irão cair, quem fizer financiamentos (principalmente de longo prazo), ficará com um saldo devedor imcompatível com o valor do bem. Será que você precisa mesmo trocar de carro?

"- Mas e se você estiver errado e nada disso acontecer?". Bom, ao menos você não terá dívidas e terá  reservas no banco, estando pronto para o consumo num momento mais adequado, além de ter a sua saúde preservada por evitar aborrecimentos.




11 de jul. de 2012

Dilma, eu sei onde cortar custos!


Irineu Tolentino

Numa crise econômica, quando não é possível aumentar ou manter receitas, é fundamental cortar despesas.

Mas isso exige cautela. É preciso distinguir investimentos e custos necessários, daqueles desnecessários, que não passam de peso morto e só contribuem para o engessamento econômico.

Assim, diante do atual cenário global, onde grandes economias apanham sistematicamente das contingências - até os países integrantes do BRICS já sentem o efeitos do arrefecimento - o Brasil deveria começar a pensar em fechar as torneiras pingando para que tenha mais dinheiro disponível para os planos de estabilização e projetos de crescimento.

Uma redução nos custos de manutenção do Estado permitiria um repasse ou uma desoneração do contribuinte, que, forçosamente, refletiria de forma positiva na economia.

O vídeo abaixo, exibido pela rede Globo, dá uma boa dica de onde se deve começar os cortes. 



Imprevisibilidade econômica e investimentos


Luis Nassif

Apesar de todas as medidas adotadas pelo Ministério da Fazenda, a produção industrial patina. Qual a razão dos empresários não investirem? 

Ponto central é garantia de demanda futura. Ou seja, precisam acreditar que a demanda continuará crescente nos próximos anos para investir.

Para entender melhor os problemas, vamos dividir a demanda em vários subgrupos:

1. Demanda pública

Investimentos do PAC, das estatais e dos estados: não há falta de recursos financeiros, há lentidão na implementação de projetos.


"(...) um pouco de previsibilidade 
na política econômica 
ajudaria nos planos de investimento."
 

Algumas questões demandam apenas tempo:

9 de jul. de 2012

Chico Buarque e o apoio a Dilma Rousseff


No dia 13/10/2010, a revista Carta Capital publicou o manifesto de apoio de Leonardo Boff, Chico Buarque, Fernando Morais, Emir Sader e Eric Nepumuceno à então candidata à Presidência da República Dilma Rousseff. 

Vários manifestos surgiram na campanha eleitoral: professores, juristas, intelectuais... É uma pena que, depois das eleições há uma descontinuidade no trabalho de acompanhamento dos trabalhos, principalmente da  classe artística, que melhor se comunica com o povo.  
Aqui no "Em Tese" você pode conferir o que pensamos a respeito da falta de atitude da classe artística em relação à política e aos grandes acontecimentos atuais: pura apatia.

Gosto da postura de pessoas que não têm medo de errar e, como todo cidadão de bem, toma uma decisão. Não vem ao caso se o apoio a Dilma foi bom ou ruim (cada um tem uma opinião sobre isso), mas aprovo com louvor a postura do Chico, do Leonardo, do Fernando, do Emir e do Eric. Quantos deles estão espalhados pelo Brasil e ainda permanecem em silêncio, ignorando a importância da democracia e da faculdade que têm para se manifestarem politicamente?
Eles não precisam acertar sempre em relação às atitudes que tomam, mas têm o dever de tomar uma atitude e lutar pelo que acreditam ser melhor para o Brasil. E fizeram bem com o manifesto.

Espero que Dilma dê o devido valor a esse nobre apoio, como também aos votos de milhões de pessoas que nela confiaram o destino do Brasil. 
Seria bom se os demais artistas e intelectuais despertassem do sono profundo e se manifestassem junto ao seu público, dizendo o que pensam a respeito dos  rumos que estamos tomando: na política, no meio ambiente, na economia, na saúde, na segurança, em todas as áreas onde for possível contribuir. 

Notem que não estou pedindo apoio a Dilma (isso é pessoal, cabe a cada um), estou pedindo para participarem - seja com a arte ou o intelecto - da construção do Brasil, como o Chico e seus amigos fizeram. Se tiverem que discordar, discordem, xinguem, briguem, gritem, mas não deixem de dar a devida contribuição. Tom Zé, por exemplo, faz isso muito bem, da maneira dele: critica com elegância e inteligência.
O trabalho do cidadão não termina nas urnas.

Abaixo segue a reprodução do Manifesto. Um exemplo para a Democracia:

"Nós, que no primeiro turno votamos em distintos candidatos e em diferentes partidos, nos unimos  para apoiar Dilma Rousseff. Fazemos isso por sentir que é nosso dever somar forças para garantir os avanços alcançados. Para prosseguirmos juntos na construção de um país capaz de um crescimento econômico que signifique desenvolvimento para todos, que preserve os bens e serviços da natureza, um país socialmente justo, que continue acelerando a inclusão social, que consolide, soberano, sua nova posição no cenário internacional.

Um país que priorize a educação, a cultura, a sustentabilidade, a erradicação da miséria e da desiguladade social. Um país que preserve sua dignidade reconquistada.

Entendemos que essas são condições essenciais para que seja possível atender às necessidades básicas do povo, fortalecer a cidadania, assegurar a cada brasileiro seus direitos fundamentais.

Entendemos que é essencial seguir reconstruindo o Estado para garantir o desenvolvimento sustentável, com justiça social e projeção de uma política externa soberana e solidária.

Entendemos que, muito mais que uma candidatura, o que está em jogo é o que foi conquistado.


Por tudo isso, declaramos, em conjunto, o apoio a Dilma Rousseff. É hora de unir nossas forças no segundo turno para garantir as conquistas e continuarmos na direção de uma sociedade justa, solidária e soberana.

Leonardo Boff
Chico Buarque
Fernando Morais
Emir Sader
Eric Nepumuceno"

8 de jul. de 2012

Sobre a "credibilidade" da internet


Merda no Ventilador

Marta Matui

É incrível o número de textos adulterados que recebemos pela internet. Ora falsamente assinados, ora com traduções que mudam completamente o sentido.

Recebi outro dia um texto de Mario Benedetti em português. Traduziram a palavra "aniñado" por animado. Então o texto dizia "que eu continue sempre animado" e o original dizia "que eu permaneça sempre como criança". Os textos assinados indevidamente são claramente uma farsa mas somente para quem conhece o autor.

Outro dia recebi um texto contra o BBB, assinado por Luis Fernando Veríssimo. Estava na cara que não tinha sido ele que escrevera, o estilo não tinha nada a ver. Mas o povo passa pra frente, nem se liga.


"Continuaremos recebendo textos 
com mensagens idiotas, cinicamente assinados
por Freud, Einsten, Darwin ou Dalai Lama. E os livros, estes continuarão nas prateleiras"


Uma vez recebi uma série de anúncios feitos por um diretor de arte brasileiro, eram gráficos em forma de mapas de vários países. O texto dizia que eram gráficos da ONU, nada a ver. A ignorância encontrou solo fertil na internet, disso sabemos todos nós.

Claro que textos incríveis, reais, verdadeiros, também rolam por aí. Mas estes são de difícil entendimento. Exigem reflexão, estão dentro de um contexto. Não interessam muito ao homem comum que gosta de coisa rasa. E, por isso, continuaremos recebendo textos com mensagens idiotas, cinicamente assinados por Freud, Einsten, Darwin ou Dalai Lama. E os livros, estes continuarão nas prateleiras.

O mundo está cheio analfabetos. Não os pobres coitados que realmente não sabem ler, mas os que sabem e só usam esse conhecimento para ler placa de rua.

7 de jul. de 2012

Mulheres precisam querer mais


Luiza Eluf *

O último censo do IBGE mostrou que as mulheres têm, em média, mais dois anos de educação que os homens. Mas, em que pese esse diferencial positivo, os salários pagos às mulheres ainda são, em média, 30% menores que os dos homens, na mesma função. Outra constatação intrigante é a de que, quanto maior o nível educacional, maior a diferença entre os rendimentos masculinos e femininos.

Sabemos que o patriarcalismo se sustenta na pobreza da mulher. A ideia é que as mulheres não tenham dinheiro nem poder, precisem vender seu corpo para se sustentar, seja pela prostituição ou pelo casamento. Além disso, essa pesquisa mostrou que não basta ter mais educação formal para que a violência doméstica diminua. A correlação de forças entre os gêneros continua desigual e as mulheres permanecem sofrendo discriminações, tanto no espaço público quanto no privado.


"O Brasil já tomou várias medidas 
para promover a igualdade de gênero." 
 


6 de jul. de 2012

Demóstenes, Lugo e o 'Estado de Direito'


Do Brasil 247
 

"Espero que o 'Estado de direito' esteja, no Brasil, num patamar mais elevado do que no Paraguai. Não vai dar para engolir uma absolvição de Demóstenes"

 

 

Carlos Fonseca*

Escrevi há poucos dias meu primeiro artigo no 247 (Golpe de Estado paraguaio). Em função dos vários comentários que os leitores postaram, e também das últimas notícias sobre Demóstenes, publicadas pelo 247, apresento aqui mais uma de minhas opiniões.
 

O Brasil, segundo Delfim


Luis Nassif

Com mais de 80 anos, o ex-Ministro Antonio Delfim Neto continua exibindo uma vitalidade intelectual surpreendente. No seu escritório, em São Paulo, passam de empresários a autoridades econômicas, atrás de seus conselhos.

O acúmulo de experiências, da Faculdade de Economia e Administração da USP aos mais altos cargos da República, conferiram a Delfim uma formação única no universo econômico brasileiro. Junta um conhecimento profundo da teoria e história econômica, dos humores dos empresários, das restrições e possibilidades da política, dos fatores que podem impulsionar ou derrubar o desenvolvimento.


5 de jul. de 2012

A China está enfraquecendo

Irineu Tolentino

Este mês a China reduziu a taxa básica de juros pela  segunda vez. É muita redução para um mês só!

Embora essa medida tenha o propósito de aquecer o mercado, é mais motivo para preocupação do que para comemoração, pois trata-se de um atestado oficial da fraqueza da economia chinesa que reflete no mundo inteiro.

A medida é necessária, e é válida a atuação do governo, mas demonstra que o cenário está ficando pior que o previsto.

No Brasil, nem as medidas exitosas, experimentadas a partir de 2008 e reiteradas  recentemente, estão dando resultados significativos. O próprio IBGE, segundo o Estadão,  constatou isso.

Está difícil acertar os ajustes. Nenhum país hoje sabe exatamente como reagir a essa crise que poderá se prolongar por muito tempo.

Nos negócios, a recomendação é cautela geral. Se for possível, contenha-se e assista.

As variáveis econômicas e o crescimento


O sistema econômico para o desenvolvimento

Luis Nassif

Apesar de todos os avanços da economia, da econometria em particular, ainda é tarefa inglória relacionar todas as variáveis que conduzem ao crescimento de uma economia. No caso brasileiro, na maioria das vezes, economistas de planilha limitam-se a correlacionar juros e nível de atividade e, a partir daí, tirar conclusões enganosamente simplificadoras sobre realidades que são fundamentalmente complexas.

Comparem-se esses modelos com o estudo publicado em meu blog, de autoria do engenheiro Joaquim Aragão (http://migre.me/9LeS6). Ele parte do princípio correto de que crescimento é um processo circular-espiralar multifásico – ou seja, é composto por subsistemas que se influenciam mutuamente, onde entram dimensões como o fator tempo e o fator espacial.



"Em geral, os economistas dividem-se 
entre os que acham que a demanda é propulsora do desenvolvimento; 
e o segundo grupo que atribui à poupança e ao investimento o motor do crescimento – as escolas da “demand economics” e da “supply economics”"


4 de jul. de 2012

O caso INEPAR e a CVM


Irineu Tolentino

A negativa da CVM  em aceitar acordo para encerrar processo administrativo contra os controladores da Inepar por abuso do poder de controle, e da Martinelli Auditores, por falha na revisão do balanço, demonstra que o grupo não anda muito bem. Aliás, isso já era de conhecimento público de longa data.

É de se elogiar a decisão da CVM. Num mercado de capitais onde a transparência é extremamente necessária à higidez dos negócios, não é possível permitir que companhias   busquem capital a baixo custo na bolsa, façam o que quiserem com o dinheiro, lesem pequenos investidores e fiquem ilesas. Não, não dá!

INET3 - gráfico Advfn de 5 anos
Está em jogo aí não só operações espúrias e fraudulentas de casos isolados (que não são poucos), mas todo o mercado de capitais que, por natureza, é deveras desconfiado e, se não se tomar cuidado, pode haver contágio e afastamento dos investidores.

A decisão da CVM poderá levar o grupo ter que indenizar os pequenos investidores em cifras significativas, dependente ainda de ações judiciais, mas que pode abalar todo o conglomerado, inclusive o segmento saudável.

Seria interessante também a CVM analisar as diversas companhias da bolsa para depurá-la. Empresas que não apresentem seriedade nos negócios não podem permanecer listadas, atraindo investidores incautos, muitas vezes recém ingressados no mercado.

O próprio grupo Inepar  tem um caso concreto que é o braço de telecomunicações (INET3). Não operacional, sem receitas e com patrimônio líquido acumulando já há vários anos, as ações continuam a ser negociadas na bolsa, sem que a empresa apresente qualquer plano de negócio efetivo. Ou seja, um nada econômico sendo comprado e vendido diariamente na Bovespa, como se esta fosse um mero mercado de peixe. 

3 de jul. de 2012

Paraguai: editorial do Estadão também contém vícios


Irineu Tolentino

No editorial de hoje, intitulado Golpe contra o Mercosul,  o jornal O Estado de São Paulo acompanhou os apressados e inconsistentes posicionamentos da revista Veja e do jornal Folha de São Paulo em relação ao golpe do Paraguai.

O Estadão, como os outros veículos, não apresenta argumentos plausíveis para defender o Paraguai. Limita-se ao uso da retórica para atacar a decisão brasileira além de trazer contradição em termos:

Stop the War! #foraMMA #foraUFC


Irineu Tolentino

Posso parecer meio romântico, ingênuo, pueril... Sei disso. Sei também que, por mais que  tentamos construir uma cultura de paz, isso muitas vezes não é possível dada a natureza que rege o comportamento dos seres vivos de maneira geral.

Animais matam, plantas matam, seres humanos matam.  Conflitos acontecem a todo instante e fazem parte do ciclo natural da vida; compreendo isso. Mas, se em algumas situações eles podem ser evitados, ao menos nessas, eles devem ser. Já basta ao mundo as dores inevitáveis.

Após as guerras, alguns soldados voltam para casa fazendo aflorar emoções incontíveis nas pessoas e animais que os amam, as quais adormeciam nos corações entristecidos que já haviam se acostumado com as idéias de morte e ausência. Outros não podem fazê-lo. Seus parentes, amigos (e até animais de estimação), seguiram suas vidas acostumados à perda que haviam sedimentado em seus corações, sem saberem das mortes e sem terem certeza de nada, apenas como medida de defesa dos seus sentimentos.

Será que as guerras prematuras e evitáveis valem a pena? E o MMA, UFC ou quaisquer outros conflitos dispensáveis?




2 de jul. de 2012

Irã: a bomba nuclear está a caminho


Irineu Tolentino

Acabei de ler um artigo do Gustavo Chacra sobre a estratégia iraniana para construir a bomba atômica. Ele foi bastante sensato no seu ponto de vista:

"(...) Países que pretendem ter armas atômicas sempre mantêm esta prática de ceder ocasionalmente para ganhar tempo quando necessário para, depois, endurecer de novo. Cada mês a mais é precioso para os iranianos, pois os aproximam da bomba. Abrir canais diplomáticos tiram da mesa, por mais um tempo, o risco de uma ação militar israelense.

Não há, porém, nenhum incentivo para o regime de Teerã deixar de lado os seus planos nucleares. Basta olhar para o mundo. Ninguém tem coragem de mexer com a Coréia do Norte e o Paquistão porque estas duas nações possuem bombas atômicas. Saddam Hussein e Muamar Kadafi, que não tinha, foram derrubados do poder justamente pelo Ocidente que tenta convencer os iranianos de supostas vantagens de não ter estes armamentos(...)"


"Que moral os países que possuem  
diversas bombas têm para dizerem que
o Irã não pode tê-la?"


A "diplomacia" e as sanções não funcionaram até agora e não há qualquer indício de que funcionarão. Essa situação do Irã está muito parecida com a crise européia: são reuniões e mais reuniões e nada de concreto acontece. E não irá acontecer. Prova disso são os demais países que possuem bombas atômicas. Não sucumbiram às pressões internacionais e acabaram por construir as suas.

Em relação ao Irã, diplomacia mesmo nunca foi tentada, apenas ameaças travestidas.

O assunto parece complicado por se tratar de relações internacionais, porém, pode ser reduzido à singeleza de pendências interpessoais: Se alguém, tendo uma coisa, diz a outra pessoa que esta não poderá ter coisa semelhate, ela será obedecida? Que moral os países que possuem diversas bombas têm para dizerem que o Irã não pode tê-la? Até eu, que acho o Ahmadinejad um tanto maluco, creio que, nesse cenário, ele tem mais é que buscar a paridade de armas mesmo. Insensato seria se ele ficasse imóvel enquanto os seus inimigos se armam até os dentes.

Talvez, um caminho para desestimular o Irã seria os demais países se desarmarem. Aí sim, esvaziaria as suas pretensões e poderia pavimentar um caminho para a paz.

Otimizando o serviço público


A luta para recuperar o crescimento

Luis Nassif

Responsável pelo fim das linhas do INSS, o ex-Ministro da Previdência Nelson Machado ironiza os modelos de gestão, pacotes fechados oferecidos a empresas públicas ou privadas e à administração pública.

O modelo é interessante de se conhecer, diz ele. Mas deve ser encarado como uma caixa de ferramentas que se abre e se usa o necessário. Para cada situação, um conjunto de ferramentas. No texto Como acabaram as filas no INSS, mostrei os passos iniciais da reforma da Previdência.

Independência do Brasil, uma outra História



Márcia Cavalcante*

02 de Julho de 1823 é uma data ignorada pelos brasileiros, e talvez por você também. Mas ela é tão importante quanto o dia 7 de setembro 1822, independência do Brasil, proclamada por D. Pedro I, filho de D. João VI, rei de Portugal. 

Aparentemente, como aprendemos na escola, essa independência foi pacífica. Porém, foi à custa da união do povo que, cansado de receber ordens de Portugal, recorreu a D. Pedro I. Este, por sua vez, abraçou a causa e lutou com todas as suas forças em favor do Brasil.
Tal evento subtraiu a vida de muitos brasileiros que, sem preparo, com poucas armas e munições, defenderam nosso país com bravura.

Após o dia 7 de setembro, as províncias brasileiras, aos poucos, foram aceitando as ordens de D. Pedro I, cortando relações com Portugal. Mas, foi em 2 de julho de 1823, na Bahia, que ocorreu a finalização desse processo de independência do Brasil, quando as tropas portuguesas abandonaram a cidade. Horas depois, chegou ali o Exército Libertador, embrião do Exército brasileiro.

Portanto, essas duas datas são importantíssimas para o nosso país pois marcam um recomeço, uma vida nova, que refletem diretamente no Brasil de hoje.

Infelizmente, a falta de interesse pela História, faz com que poucas pessoas se lembrem de fatos relevantes. 

Levamos 512 anos para chegar onde estamos, passando por guerras, golpe militar, eleições indiretas, escravidão e tantos outros fatos marcantes, que precisamos valorizar essas conquistas.

* Márcia Cavalcante é Advogada

1 de jul. de 2012

A ineficiência energética dos carros modernos



Irineu Tolentino

Vejo modelos de carros sendo lançados todos os dias, um mais bonito que o outro; mas, na essência, todos são iguais.

As montadoras enchem os veículos de "fluflus" e se esquecem da principal função que é transportar pessoas.

Computador de bordo, trava elétrica, banco com aquecimento "super-plus-ultra-hi-tech-com-fibra-de-carbono-aprovada-pela-NASA-etc", air bag, sensor de ré, suspensão inteligente, ar condicionado digital, banco de couro,  porta-trecos, volante ajustável e mais trocentos itens que nada tem a ver com a função principal do veículo que é nos levar do ponto "A" ao ponto "B".

Há muito conforto e pouca eficiência energética. Os carros dependem da queima de  combustível e o mundo reclama do excesso de consumo e da poluição, e a indústria coloca mais fluflus nos veículos.

A principal fonte de combustível (o petróleo) é altamente poluente e já está no final do ciclo (vai acabar mesmo!), mas os engenheiros automobilísticos não se preocupam em melhorar a performance dos motores otimizando a principal função. Apenas potência, potência e potência... Até parece coisa de gente impotente.

Para se ter uma idéia, tive um fusquinha 1982 e viajei com ele de São Paulo até Maceió.  Ida e volta, mais os passeios intermediários e as perdidinhas básicas, rodei 5.500km. É óbvio que o conforto em relação aos carros de hoje está bastante discrepante, mas em relação ao consumo, não vi muita diferença. Talvez um pouco mais ou (pasmem!) um pouco menos (dependendo dos modelos comparados), mas, na essência, é a mesma coisa. Fui do ponto "A" ao ponto "B" tranquilamente.

Ah! Mas tem o Camaro, os Ferrari, Lamborghinis, Porsches, Audis... Não passam de design, conforto potência e fluflus. Só isso!  

Está bem, sou um maluco mesmo: não tenho a capacidade de perceber a diferença substancial entre um Ferrari e um Fusquinha. Tudo bem, até há, mas depende do ponto de vista.  No quesito principal (transportar pessoas)  é a mesma coisa. Aliás, o Fusquinha 1300 ganha dos Ferraris, Lamborghinis ou seja lá o que for: consome menos. Talvez perca para alguns dos populares nesse quesito, mas não fica muito atrás.

Então, qual foi a  evolução significativa da indústria automobilística nos últimos 50 anos? Apenas transformar um veículo num spa!

As empresas precisam acordar e assumir um compromisso tecnológico para otimizarem a eficiência dos seus veículos. 

Agora elas estão preocupadas com o etanol, hidrogênio e energia elétrica, apenas porque o petróleo está no fim, não para tirar o atraso tenológico que há nos motores dos seus carros.

Preocuparam-se demais com o lucro no curto prazo...