26 de jun. de 2013

Taxação de grandes fortunas

Não acho que rico deva pagar mais. Os cálculos de impostos, via de regra, são feitos à base de porcentagem, e não há nada mais proporcional do que ela para equacionar o que se ganha e o que se paga.

O problema é de má gestão de recursos e falta de visão estratégica.

Rico não é inimigo do Estado ou do povo por ser rico. É preciso desconstruir essa ideia.

Proposta da bancada do PT é golpe baixo.

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Folha de São Paulo:

Em resposta às ruas, bancada do PT apoiará proposta de taxação de grandes fortunas

CÁTIA SEABRA

DE BRASÍLIA

Após quatro horas e meia de reunião nesta terça-feira (25), a bancada do PT na Câmara decidiu anunciar apoio à proposta de taxação das grandes fortunas.
A iniciativa é uma tentativa de reaproximação do partido com os movimentos populares e uma reação à série de protestos que se espalharam pelo país nas últimas semanas.
"O empresariado também tem que ajudar com alguma coisa. Por que só os cofres públicos?", disse o líder do PT na Câmara, José Guimarães, frisando que essa é uma proposta da bancada.
O líder do PT defenderá publicamente a proposta na noite desta terça-feira, no plenário da Câmara.

Falta de Comando


Dilma, nos seus "cinco pactos", "pediu" ao Congresso a destinação de 100% dos recursos dos royalties do petróleo para a educação.

Renan Calheiros, propõe 20% do PIB para a saúde e a educação, e, ainda, propõe "passe-livre" para todos os estudantes do Brasil...

Ela havia sugerido ainda uma nova constituinte para atender aos anseios populares, Renan discordou e sugeriu esquecer essa ideia. Dilma recuou. Ainda bem! Mas, essa ideia não passaria mesmo, já que não agradou a ninguém no momento da sua divulgação. 

Numa democracia é necessário sim que as instituições discutam os projetos e ideias que se pretende implantar no país, mas, por vezes, a fraqueza da instituição da presidência da república - bastante evidenciada no governo Dilma - cria  uma certa confusão no governo. Não se sabe quem manda, e, portanto, de quem o povo deve cobrar. Nessa confusão, até ex-presidentes tem seu quinhão de poder  paralelo, dando "palpites" com peso de membros do governo. E não é só o caso de Lula não, FHC, que não fez a lição de casa, também busca  projeção como se tivesse governando.

É difícil imaginar um ônibus sendo conduzido simultaneamente por dois ou mais motoristas.

Dilma deveria ter mais pulso firme. Ouvir mais seus ministros ou demiti-los, caso não tenham serventia. A propósito, questões estratégicas e estruturais, de longo prazo, deveriam ser amplamente debatidas antes mesmo de serem propostas. Não podem  ser simplesmente cuspidas depois de um espasmo qualquer.

Como ela está fazendo, é muito fácil ser presidente, difícil será agradar os brasileiros.

20 de jun. de 2013

Fundos para o Passe-Livre


De novo, os gestores procuram a pior saída para o problema: baixar as tarifas do transporte público mediante a criação de uma nova fonte de receita.

Isso faz qualquer administrador profissional ficar estarrecido.

Não se aumenta receitas por decreto. Fazer isso piorará ainda mais as coisas. A sociedade já deu seu recado: está pagando demais e tendo retorno de menos.

O que se deve fazer é cortar despesas, gastar de forma mais responsável, evitar prejuízos e coibir a corrupção.

Isso pode até soar como uma saída retórica e evasiva, mas não é. Veja uma receita possível para o bolo (sujeita ao debate e ao laboratório):

a) Cortar despesas - enxugar os quadros públicos, melhorar o processo produtivo reduzindo as minúncias e as burocracias (o princípio de Pareto pode ajudar aqui),

b) Gastar de forma mais responsável - focar as prioridades e trabalhar com uma visão de longo prazo, fazendo com que o dinheiro renda frutos por mais tempo (de novo, Pareto pode ajudar);

c) Evitar prejuízos - Nem seria preciso dizer, né? Quantas obras públicas inacabadas e investimentos mal planejados vemos por aí?

d) Coibir a corrupção - Aperfeiçoar os Tribunais de Contas, Polícias e Ministério Público, investir em sistemas e equipes de inteligência, fomentar as denúncias criando canais de comunicação com a população, prestar mais atenção às valiosas informações da imprensa e agir de forma proativa.

Vale lembrar ainda que, melhorar a educação e a saúde, pelo menos, aliviará a classe média permitindo-a que seus filhos retornem às escolas e sistema de saúde públicos. O passe-livre, por sua vez, muito provavelmente resolverá os problemas de trânsito e a locomoção que assolam as grandes cidades (e até mesmo cidades menores), coisa que até então era uma pedra no sapato dos prefeitos.

Viram? Temos aí um bom conjunto de tarefas a serem consideradas.

Esse movimento "passe-livre", que acabou se ampliando, foi uma sacada genial. Alguns jovens e uma rede social criaram um brainstorming gigantesco. Vamos aproveitar o momento e pensar o Brasil.

19 de jun. de 2013

Reinaldo Azevedo e suas sandices


Esse cara parece a Madonna: "Falem bem ou falem mal, mas falem de mim".

Vive procurando "fugir do lugar comum" por esporte, apenas para divergir de todos, como se estivesse procurando reinventar a roda e assim se destacar na sociedade.

Vangloria-se do "estrondoso" número de acessos ao seu blog como se ele fosse um relicário da coerência e da verdade, onde a sociedade deva beber da sua sabedoria.

Em relação ao número de acessos, Reinaldo, não me parece que todo ele tenha qualidade, ou será que "Toda Unanimidade é burra", como diria Nelson Rodrigues (e você também, ao que me parece), à exceção da multidão que lhe lê? O Tiririca foi extremamente bem votado e nem por isso todos seus eleitores apoiaram suas ideias; até porque, até agora, ele não mostrou nenhuma.

A propósito, eu leio seu blog e não concordo com muitas coisas que estão lá. Não concordo, aliás, com a linha editorial da Veja, mas leio-a para me servir como contraponto apenas, e, mesmo assim, de vez em quando.

Hoje, por exemplo, a respeito desse movimento denominado "Passe-Livre", que, literalmente, ganhou o mundo, você o condenada porque o movimento não condena "os saqueadores". Ora, condene-os você. Dê a sua contribuição, pare de esperar que os outros façam tudo. Você só emite opinião condenando a opinião dos outros. Deixe de ser pedra e experimente ser vidraça.

Como nossos gestores públicos, você parece que está cego e surdo. O movimento não aprova os baderneiros, eu não aprovo, ninguém aprova. Mas eles estão lá, como continuarão a estar no meio da nossa sociedade quando o protesto acabar, e por uma razão muito simples: eles existem!

O governo nunca conseguiu acabar com os vândalos e baderneiros, com os bandidos e corruptos, nem mesmo sabendo, em muitos casos, quem são eles.

Por que, agora, cobram isso dos manifestantes que não são agentes do Estado? Eles não podem fazer justiça com as próprias mãos. Você sugere que os manifestantes cometam crimes exercendo ilegalmente a função de policiais, é isso?

Badernas existem até nos parlamentos. Vez por outra, vemos parlamentares aos socos e pontapés durante o horário de trabalho, em plena sessão das casas legislativas. Nos tribunais do júri, é muito comum advogado e promotor trocarem ofensas e, por vezes, tapas, sem que se condene as instituições do Ministério Público e OAB. E tem que ser assim. Casos isolados são casos isolados e assim devem ser tratados.

Em circunstâncias que envolvam paixão é comum os excessos, embora não recomendáveis. Isso decorre da natureza humana, ou talvez não (já que o diabo estava no Céu e se desentendeu com Deus).

Pare de ficar repetindo que os manifestantes  estão prejudicando o direito de ir e vir. É claro que estão! Mas o culpado disso é o governo que não fez o seu trabalho e provocou essa manifestação. A propósito, qual é a sua sugestão para organizar tamanho evento? Onde você reuniria tanta gente sem gerar efeitos colaterais? Você queriam que milhares de pessoas permanecessem nas calçadas, em fila indiana? Não caberia! E, ainda que eles fizessem isso, você diria, da mesma forma, que eles estariam impedindo o direito de ir e vir dos transeuntes, obrigando-os a ir para as ruas em meio aos carros.

Saia da zona de conforto e dê a sua colaboração, apoiando se concordar, ou, apontando as falhas de forma construtiva. Se hoje você pode se manifestar livremente na imprensa, agradeça aos movimentos sociais do passado, ao Vladimir Herzog  e a tantos outros que morreram, apanharam e sofreram para defender a liberdade e os interesses da sociedade.

Pare de xingar, de ofender, e de utilizar palavreados grosseiros para questionar o mundo. Até o Papa mudou Reinaldo! Mude também!  Deixe de ser chato!



18 de jun. de 2013

Lula ainda é o presidente?


Acho péssimo Dilma recorrer a Lula a cada abacaxi que aparece em seu governo.

Ela está demorando para crescer como política, bem como para resolver seus problemas sozinha. A forma como age coloca Lula em pleno exercício do terceiro mandato.

O Brasil não pode depender de Lula como a Venezuela dependeu do Chavez. Isso viola o espírito da "sucessão presidencial" e evidencia, cada vez mais, a fraqueza de Dilma.

A propósito, do jeito que a coisa anda, se Lula morrer ela é bem capaz de embalsamar seu corpo ou recorrer à criogenia para tê-lo sempre por perto.

Por que será que ela comete tantos erros grosseiros? Falha da assessoria?

17 de jun. de 2013

Voltei a sentir orgulho do Brasil


Acostumado a ouvir críticas negativas do Brasil e dos brasileiros, que não temos educação, não somos politizados, somos excessivamente tolerantes, etc, etc, etc., confesso que voltei a sentir orgulho do nosso povo ao rever movimento tão expressivo como esse injustamente reduzido à expressão "Passe-Livre". Não se trata mais de "passe-livre", mas de um levante popular para resgatar a moralidade e a justiça.

Valcke  jamais deveria dizer que precisamos "levar um ponta-pé no traseiro". Há muita corrupção no Brasil mas igualmente há muita corrupção na FIFA, e disso eles não falam.

Em nenhum país do mundo a FIFA encontrou tamanha resistência à sua petulância como encontrou no Brasil. O Brasil ficará conhecido, creio eu, como o país que colocou a FIFA no seu devido lugar. Pedimos sim a Copa, mas no pedido não incluímos renúncia à nossa soberania e nem à nossa dignidade. Também não estavam incluídos os bilhões gastos de forma desmedida apenas para atender aos seus interesses exagerados e sabe-se lá de quem mais, enquanto milhares de pessoas passam fome.

Aqui é o país do futebol, e nós sabemos o que é futebol. Futebol não é o que essa instituição faz. Isso é  cartolagem (25.000 nas ruas contra preço da passagem e contra a FIFA).

Também o PT está recebendo, goela abaixo, uma bela lição de moral: esse país é nosso não da FIFA e nem do PT, partido que está em decadência moral e funcional, não tem bandeiras, não tem fidelidade ao seu eleitorado, não tem honestidade e nem justiça.

O PT tem dificuldade de aplicar a lei nos seus quadros e de respeitar a Ética. Conduzir seus membros condenados à Câmara dos Deputados, como se heróis fossem, foi um desrespeito ao STF e ao povo brasileiro. Mesmo cabendo recurso contra  a condenação, não era prudente ignorar o anseio popular por um pouco de moralidade, não era razoável provocar o povo de forma tão irresponsável como fora feito.

Há muito o povo está criticando os valores gasto com os estádios, o nível de corrupção, a carga tributária, a falta de investimentos em infra-estrutura, saúde, educação e segurança. Dilma não ligou para nada disso. Deve ter pensado: "Com as bolsas os pobres estarão do nosso lado". Ora, quem paga boa parte dessa conta é a cansada classe média. O governo, ao implantar benefícios de forma indiscriminada, sem considerar mérito-necessidade, fez mera cortesia com o chapéu dos outros.

Renan Calheiros também não respeitou a vontade de um milhão e seiscentas mil pessoas que pediram para ele se afastar da presidência do Senado. Fizeram uma eleição obscura entre eles, um pequeno grupo de senadores,  ignorando a vontade popular, denotando usurpação do mandato.

Feliciano igualmente desrespeitou o povo ao fazer ouvidos moucos para a voz das ruas, como se fosse dono de um pequeno reino privado, a CDHM.

O povo avisou através de diversos canais, mas não foi ouvido. Restava-lhe apenas ir às ruas. Mostrar que está vendo tudo e não está satisfeito com nada.

Antes chamados de vândalos, agora os manifestantes alçaram o status de heróis da nação. Num primeiro momento a polícia agrediu-os com balas de borracha e bombas, agora o Comandante-Geral da PM/SP pediu para incluir na pauta de reivindicações a prisão dos condenados pelo mensalão: "Há muita coisa errada", disse ele (link).

O movimento ganhou força, espalhou-se por diversos estados brasileiros, encontrou coro internacional e promete marcar nossa História (link).

Espero que o saldo disso tudo, mais do que R$ 0,20 a menos na passagem de ônibus, seja um pouco mais de respeito pelo povo e pelo Brasil.

16 de jun. de 2013

O governo está cego?


Será que realmente o governo ainda não entendeu o que está acontecendo?

Será que ele ainda pensa, de forma ingênua, que o jogo se joga da mesma forma de sempre, sem que tenha havido qualquer alteração ao longo da História?

Será que não dá para perceber que, o que o povo quer, é apenas o que lhe pertence por direito?

Será que não dá para perceber que, mesmo que a tarifa de ônibus seja baixada o copo continuará cheio à espera do próximo estopim?


15 de jun. de 2013

Resgate do Patrimônio Público


Depois que passar esse movimento espero que surjam outros. 

Ao menos um que devolva ao povo a respeitabilidade do patrimônio público.

Não tem mais cabimento, depois de tantas espoliações e roubalheira, nossos bens serem batizados com nomes de pessoas que não nos representam. 

Somos roubados na construção, na manutenção e no batismo. 

A "Av. Salim Farah Maluf", por exemplo, deveria passar a se chamar "Av. Passe Livre", em memória do levante popular de junho de 2013.

Ideologia, eu também quero uma!


Ideologia
(Cazuza)

Meu partido
É um coração partido
E as ilusões
Estão todas perdidas
Os meus sonhos
Foram todos vendidos
Tão barato
Que eu nem acredito
Ah! eu nem acredito...

Que aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Frequenta agora
As festas do "Grand Monde"...

Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!
Eu quero uma pra viver...

O meu prazer
Agora é risco de vida
Meu sex and drugs
Não tem nenhum rock 'n' roll
Eu vou pagar
A conta do analista
Pra nunca mais
Ter que saber
Quem eu sou
Ah! saber quem eu sou..

Pois aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Agora assiste a tudo
Em cima do muro
Em cima do muro...

Que País É Esse?


Que País É Esse?
(Legião Urbana)

Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

No Amazonas, no Araguaia iá, iá,
Na baixada fluminense
Mato grosso, Minas Gerais e no
Nordeste tudo em paz
Na morte o meu descanso, mas o
Sangue anda solto
Manchando os papeis e documentos fieis
Ao descanso do patrão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

Terceiro mundo, se foi
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos indios num leilão
Que país é esse?

13 de jun. de 2013

Movimento Passe Livre


Não podemos condenar o movimento com um julgamento simplista a partir das condutas de pessoas de má-fé infiltradas estrategicamente. Assim o jogo fica fácil. Para deslegitimar qualquer protesto, basta infiltrar vândalos entre os manifestantes e pronto, a opinião pública será facilmente cooptada.

É preciso levar a democracia um pouco mais a sério. Quem quiser se aventurar a julgar  os movimentos sociais, precisa de um pouco mais de inteligência para separar o joio do trigo.

Devemos tirar lições desses movimentos (passe-livre, greves e vários outros que ocorrem no mundo inteiro). Por exemplo, suas intensidades e grau de êxito têm demonstrado o estabelecimento de uma nova ordem. O governo não tem mais tanto controle da sociedade como tinha antes.

EUA, que feio!


Assange foi duramente perseguido pelos EUA (e está sendo ainda), sob o argumento de "vazamento" de informações confidenciais do governo americano via WikiLeaks.

Porém, quem vazou informações foi funcionário dos EUA. O WikiLeaks é um órgão de imprensa. Se chegaram informações até ele, cabe ao seu conselho consultivo decidir ou não pela publicação. Isso é liberdade de imprensa. Mas, ainda assim, os EUA querem a cabeça de Assange.

Agora a situação se inverteu. Edward Snowden revela ao mundo que o governo dos EUA violou o sigilo de milhões de pessoas e de diversos governos.

Obama sequer negou a informação; ao contrário, confirmou-a justificando-se que "Não se pode ter 100% de segurança e 100% de privacidade".

E agora José? Os EUA podem bisbilhotar mas não podem ser bisbilhotados? A privacidade dos outros pode ser violada, a dos EUA não?

12 de jun. de 2013

Roberto Gurgel x Deborah Duprat

Não me parece que Gurgel tenha agido com exagero ao dispensar Duprat.

Ele não a está impedindo de se manifestar livremente ou de ter opinião. Apenas, exercendo sua função de Procurador Geral de Justiça (número 1 da PGR) em eleger o posicionamento oficial do órgão que representa (grosso modo, discordando do impedimento de criação de novos partidos). Aliás, bastante oportuno, embora possa até parecer prematuro.

Como cabia a ele (Gurgel) emitir o parecer oficial da PGR, e, portanto, seria ele que responderia pelo que já estava no STF, Duprat deveria ter deixado tudo como estava. Aliás, por lealdade ao seu superior e para preservar a "unidade oficial" da PGR, ela não deveria infirmar o posicionamento já exposto ao STF.

Eu já passei por uma situação semelhante. Na ocasião, a saída que adotei foi discutir o assunto interna e reservadamente. Após vencido sem convencimento, entendi que eu não era mais útil  aos propósitos do superior. Pedi para sair, sem ressentimentos. Simples assim.

Bom, talvez essa minha interpretação seja resultado de uma leitura apressada que fiz dos jornais. Pode ser que mais tarde volte ao assunto, não sei...



6 de jun. de 2013

Roberto Carlos e suas trapalhadas



Roberto Carlos já está indo longe demais.

Um artista, que passou pela época da ditadura e da censura, praticando aquilo que lutamos para afastar da nossa sociedade...

Não deveria ser verdade. Mas, infelizmente, ele se esforça para impedir a circulação do livro da autora Maíra Zimmerman - que trata sobre a Jovem Guarda - como se ele fosse dono desse pedaço da história da música brasileira e a ele coubesse o "imprimatur" (link).

Ele não pode, não deve e não creio que irá conseguir.

Meteu-se numa enrascada danada. Agora, pretendendo desvencilhar-se da gafe que cometeu, propõe uma "generosidade" de "liberar" a obra, caso a autora lhe peça autorização. Desnecessário qualificar essa vã tentativa.

Roberto Carlos é um pessoa pública, um personagem importante da história da música brasileira e o livro não diz nada sobre sua intimidade. Ademais, o direito à liberdade de expressão está aí e é de todos.

Livro não é um produto comercial, embora, por vezes, seja tratado como tal. Livro assemelha-se mais a um meio de comunicação do que a um sabonete. Ainda mais quando versa sobre estudos acadêmicos, como é o caso.

Agora, o negócio é o seguinte Robertão: Peça deculpas à Zimmerman, evite desempenhar o papel de censor, agradeça por estarem se lembrando de você e esqueça essa história.

Caso vacê não consiga sair da saia justa por falta de justificativa plausível, dou-lhe uma:

"Prezada Zimmerman,

Tomei conhecimento de toda essa situação que envolve o seu livro.
Tudo se deveu à uma precipitada interpretação de pessoas próximas a mim, o que não exclui a minha culpa, já que, por lapso, acabei me deixando levar por algo que realmente não dei a devida atenção.
Desculpe-me por todo o transtorno.
Inclusive, estou à sua disposição para colaborar com futuros trabalhos sobre mim, sobre a jovem guarda e sobre a música brasileira.
Um fraterno abraço!

Roberto Carlos"


2 de jun. de 2013

A Escalada da Violência

Por Ferreira Gullar
Folha de S. Paulo

No Limite


"O que, afinal, está acontecendo? Em três meses, milhares de motocicletas são roubadas em São Paulo, centenas de residências e transeuntes são assaltados, trabalhadores, mulheres e pais de família são assassinados com uma frequência assustadora. Viver em São Paulo tornou-se risco de morte, é isso? Quer dizer, então, que a cidade está em guerra?
Pior: a cidade está ocupada por bandidos armados que surgem a qualquer momento e em qualquer ponto dela, empunhando fuzis, armas automáticas, decididos a tirar a vida de qualquer um.
Pelo modo como agem, parecem particularmente empenhados em matar, como se isso lhes desse especial satisfação. Matam mesmo quando o assaltado não oferece resistência. Matam para matar, por nada, para nada."