28 de abr. de 2012

Dilma e a queda dos Juros (por Stephen Kanitz)

Stephen Kanitz 

 

Dilma Implanta a Sua Tese, em Menos de 15 Meses

Em 2007 na Veja,  defendi a Dilma no seu projeto de abaixar os juros que ninguém achava que era possível, até ontem.

"Ela precisará de todo o apoio dos engenheiros, administradores, contadores, advogados, médicos que querem ver o custo da "renda fixa" cair, obrigando os investidores a virar empreendedores e a assumir o risco da "renda variável".

"Ela já tem o meu total apoio, agora só falta o seu". 

Dilma baixou o Custo de Capital das empresas brasileiras para 2% ano, algo que noticiou.

"Se o estado paga 13% ao ano de "renda fixa" para "rolar" a sua dívida, nenhum projeto empresarial com retorno abaixo de 13%, 14% ou talvez até 19% será retirado das gavetas, devido ao risco do negócio."

"Nenhum administrador ou empreendedor vai assumir o risco de quebrar, o risco de perder tudo, o risco de processos trabalhistas e de consumidores, se o estado oferece 13% ao ano, e sem risco."

Em vez de discutir o que escrevi acima, todo mundo está discutindo que os Spreads dos Bancos continuam elevados, que a caderneta é a opção. 
O que ninguém se deu conta é que temos agora R$ 1 trilhão de Órfãos dos Juros Nominais dos Economistas do Estado, que não mais receberão os polpudos juros que os permitiam fazer nada.

Com somente 2%, vão mudar de ideia.A tese da dilma

Vão ter que agora fazer algo, vão ter que investir em fundos de ações, fundos de private equity, e concorrer com os Bancos. 

Se os Bancos não quiserem reduzir os Spreads, os fundos de private equity irão emprestar no seu lugar, com muito mais cuidado, governância e ajuda administrativa. Bancos nem sabem mais fazer isto. 

Escrevi outros posts sobre a Tese da Dilma, que agora valem a pena reler. 


Nem eu, honestamente, acreditei que a Dilma seria tão rápida e que isto ocorreria somente em 2013 ou 2014. 

Um ano antes do planejado, a reeleição da Dilma está praticamente garantida, se o que ocorreu ontem for noticiado.

Só falta os que querem ver este país crescer divulgarem o significado de tudo isto para o desenvolvimento das empresas brasileiras, algo que faltou fazer.

Se ninguém perceber que o que acaba de ocorrer, o que a Dilma disse há mais de 5 anos que faria, se ninguém perceber que tudo isto aconteceu e não aproveitar esta janela de oportunidade, se todo mundo ficar falando de caderneta de poupança como opção e ficar culpando os Bancos que no mundo inteiro estão morrendo de velhos, vamos novamente morrer na praia.

Divulguem isto, minha gente, a China fez isto em 1986. Estive lá e vi com meus olhos. Por isto, tenho a segurança de dizer o que estou dizendo agora. O Custo do Capital das Empresas é a variável crítica deste país, não o Dólar ou a Taxa de Câmbio. 

Como só tenho 19.000 seguidores no Blog, sei que vamos morrer na praia, sei que vamos jogar mais um bilhete premiado, como tantas vezes fizemos. Não entendo porque tão poucos seguem um blog que realmente informa com antecedência o que vai acontecer neste país. 

Deve ser minha péssima redação. 

Esta é a nossa última chance, acreditem em mim. Não desperdissem esta última oportunidade.

Um comentário:

  1. O que o Kanitz está dizendo, basicamente, é a respeito do "custo de oportunidade" do dinheiro. Por exemplo, se vc, seu vizinho, as empresas em geral tem "x" dinheiro, esse dinheiro normalmente é aplicado em algum lugar (imóveis, renda fixa, poupança, títulos, etc.), principalmente onde dá mais retorno sem risco. Quando o Governo está disposto a pagar juros altos (como vinha fazendo), os investidores internacionais simplesmente especulavam no mercado financeiro que oferecia alto retorno e baixo risco. Produzir para quê se o Governo pagava 12% ou 13% para usar o nosso dinheiro?

    O Brasil tinha os juros mais altos do mundo. Assim, o capital especulativo (especialmente em dólar), era direcionado para cá apenas com o objetivo de pegar os juros e depois ir embora, sem investir no país, deixando as empresas em segundo plano. Isso prejudicava o câmbio, as indústrias, o nível de emprego, ou seja, causava prejuízos enormes à economia.

    Agora, com a redução drástica dos juros, esse capital especulativo terá que ser direcionado para o setor produtivo e de serviços se quiser ficar por aqui, ou ir para outro país, o que elevará o câmbio e favorecerá a indústria nacional.

    As medidas adotadas pela Dilma são boas sim (aliás, não tinha jeito, os empresários estavam reclamando demais). Agora, com essas medidas, aumentará a competitividade das nossas indústrias já que o dólar tenderá a subir e os investimentos financeiros darão um retorno menor, tornando o investimento nas indústrias mais atraentes.

    Basicamente é isso.

    A matéria é interessante. Concordo plenamente com o Kanitz.

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