29 de mar. de 2013

Chantagem Evangélica


Essa história  do pastor Feliciano já está virando piada.
 
Já não me procupo tanto com  esse  senhor que, a despeito de tanta resistência popular e do próprio grupo que “pretende” representar na CDHM (especialmente as minorias), insiste em  permanecer num cargo onde não o querem. 

A mim ele não representa e nunca irá representar.  Como brasileiro eu o recuso! Como patrão eu o demito. Definitivamente ele não tem legitimidade popular para ocupar a cadeira da presidência da CDHM. Da minha parte, eu não lhe outorguei tal poder.

O pior, é que a bancada evangélica  começa a fazer chantagem do tipo: “Se é para afastar o Feliciano, então tem que tirar o José Genoíno e o João Paulo Cunha da Comissão de Constituição e Justiça”, conforme disse o deputado João Campos (PSDB-GO), coordenador da bancada evangélica, representando, portanto, mais de 200 deputados (link).

Agora é que não entendi nada. Dá-me a impressão de que essa postura é para manter o circo funcionando para esconder algo mais importante que a sociedade já se mobilizava para resolver.

Ocorre que a CDHM não pertence ao PSC ou à bancada evangélica, mas ao Brasil.  É o interesse desse país que deve ser colocado em consideração, não o de um ou de outro ator político.

Ao tratar do assunto como vem tratando, especialmente à custa de chantagem e pisando em grupos ainda não representados à altura na política brasileira,  parece-me que os evangelicos esqueceram-se, com muita rapidez, de que há pouco tempo eles eram a minoria que pleiteavam a defesa do Estado. Agora que alçaram status e representatividade política, pisam nas minorias que estão  buscando os mesmos direitos.

Quer dizer que, se deixarmos Feliciano  presidir a comissão  eles deixam Genoíno e  João Paulo Cunha em paz? Eles sabem (ao menos deduz-se isso), que estes dois não poderiam ocupar os cargos que ocupam, mas, se não incomodarmos Feliciano, os mais de duzentos deputados da bancada evangélica farão vista grossa para algo errado de que têm conhecimento? É isso?

Se for, estou começando a ficar preocupado com o futuro do Brasil. Nas mãos de quem  entregou-se o poder de  fazer leis, de conduzir o Parlamento?

Esse comportamento está se afigurando mais uma investida desastrosa da bancada e do partido “cristão”, que, convenhamos, de cristão nada tem, até porque Cristo nunca buscou qualquer cargo político (seu reino não era deste mundo).

Mas, política é política e faz-se com alguns atropelos mesmo, resultado da confusa e imperfeita natureza humana. Então, vamos fazer o seguinte, ao menos para respeitarmos o espírito das leis e a vontade popular (de onde, teórica e  juridicamente, emana todo o poder colocado nas mãos dos agentes políticos):  Afaste-se Feliciano, Genoíno e João Paulo Cunha, e afaste-se também toda a bancada evangélica (se estiver realmente abonando as declarações do deputado João Campos), por condescendência criminosa, chantagem e desvio de finalidade do poder fiscalizatório e da própria legislatura.

14 de mar. de 2013

O Legado de Eike

Li, com paciência, o longo e detalhado artigo do  Everaldo Gonçalves,  “Eike, o ouro de Midas gorou!”, publicado no 247 (link ). Seguramente, há ali informações verossímeis e importantes, que merecem consideração.

Contudo, da minha parte,  dou outro enforque ao assunto. Em diversas oportunidades, defendi a postura de Eike em pensar grande, em querer mais,  em almejar construir algo grandioso ao invés de puxadinhos. 

Gostei dessa ideia, achei-a compatível com o Brasil, “gigante pela própria natureza”, como afirma nosso hino nacional. Inclusive, a exemplo de muitos, paguei para ver. Pouco tempo depois do IPO da LLX, comprei algumas ações. Não posso dizer que fui infeliz com elas, ao contrário, deram-me algumas alegrias, o que não ocorreu com as ações da Petrobrás, CEMING, Vale, CSN, Usiminas e algumas outras “blue chips”.

Mas, ações são ações, negócios são negócios. A importância investida em ações normalmente  é prostituta, volátil,  não para quieta. É assim que se investe na bolsa segundo a grande maioria dos investidores (sei que Warren Buffett ficaria arrepiado ao ouvir isso).

Eike pode ter dado um passo maior que a perna, pode ter sido traído pela megalomania e falta de experiência. Mas, reduzir o assunto a isso quando nos referimos a negócios envolvendo bilhões de dólares, parece-me um erro grosseiro. A conta não fecha. A coisa não pode ser tão simples assim. Será que os parceiros de Eike são tão ingênuos a ponto de caírem num golpe desse tamanho? 

Todo negócio envolve riscos, especialmente novos negócios. De certo, ao exame dos projetos apresentados e considerado o preço dos propostas, os projetos do Grupo EBX passou pelo crivo de uma infinidade de pessoas esclarecidas: engenheiros, empresários, agentes do governo. O que pode ter dado errado então?

Para mim, os problemas de Eike não são exclusivamente dele, são do Brasil.  Estamos, repito, fora dos trilhos. Nenhuma obra grande dá certo aqui.  E isso não é porque os brasileiros não são capazes. Somos! Há copiosos exemplos espalhados pelo mundo. O problema pode estar na condução das políticas públicas, econômicas, industriais, sociais, educacionais, legislativas, infraestruturais, perpassando pela baixa moralidade que permeia muitos projetos públicos.

O PAC  gerou avanços mas muitos atropelos, a transposição do Rio São Francisco não vai pra frente, o Pré-Sal, ao invés de nos trazer alegrias e riquezas, até agora só gerou confusão, a Copa do Mundo mostrou que o Brasil precisa mesmo de um ponta-pé no traseiro (embora Valcke também precise pela arrogância e falta de respeito), Olimpíadas já parecem piadas...

Ainda bem que o Papa não é nosso (nada contra Dom Odilo, que me parece uma pessoa bastante competente).

Pelo que vejo, temos uma sina, uma maldição. Só conseguimos implementar  coisas pequenas. É por essas e outras que tenho saudade de Juscelino. Depois dele, minha esperança era o Eike.

Eike pode até ter cometido erros caso seus projetos não dêem certo, mas, seguramente, de impávido ele não tem nada; característica que erroneamente Joaquim Osório atribuiu ao Brasil, cuja profecia de grandeza até hoje não se cumpriu.  

5 de mar. de 2013

A Morte de Chavez


Há coisas que, para quem examina de longe, são cristalinas, porém, para os locais, pode não ser tão simples assim.

E natural que algumas questões escapem à análise de quem está distante, mas, também, é natural que façamos análise dos fatos que reputamos importantes.

Chavez ganhou as eleições da Venezuela mas não tomou posse. O Judiciário local autorizou o adiamento, mas ele morreu sem a solenidade.

E agora José?

Só convocando novas eleições. Seria muito arriscado Maduro intentar permanecer no poder sob o fraco argumento de que "Chavez ganhou" e ele o sucedeu. Ele não teria legitimidade e o país ficaria ingovernável.
Por outro lado, sendo convocada nova eleição, Maduro, em princípio, ganharia fácil, rebocado pela força de Chavez. De quebra, teria legitimidade interna e externa...

1 de mar. de 2013

O Brasil fora dos BRICS

A despeito dos grandes esforços de Mantega, o Brasil não está conseguindo deslanchar.

O crescimento é inexpressivo. Estamos até mesmo atrás de países mergulhados na crise financeira global.

Com esse desempenho pífio, não dá mais para sustentar nossa posição nos BRICS.

Isso é muito triste e incompreensível, especialmente diante da proximidade da Copa e das Olímpiadas, mas trata-se de um fato.

Só posso atribuir isso (como já fiz aqui em oportunidade anterior), ao elevado nível de corrupção, impunidade e insegurança juridica.  Defendo, já de longa data, que a corrupção tem um preço direto e indireto igualmente altos para o país, e a conta chegou: ficamos para trás!

Os impasses gerados com a condenação dos mensaleiros (se perdem ou não o mandato), a posse de Genoíno, a de Renan Calheiros, o atraso e confusões nas obras da Copa, e uma série de outros fatores, subtraem do Brasil a seriedade necessária para alavancar o crescimento. E não vamos crescer e nem alçar vôos maiores, enquanto não fizermos as pazes com a moralidade e seriedade necessárias ao desenvolvimento.